Menu
Política & Poder

Rachadinha: ex-assessor de Flávio conta que era obrigado a devolver salário

Marcelo Nogueira conta que devolvia os valores em dinheiro vivo nas mãos da ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle

Redação Jornal de Brasília

03/09/2021 8h29

Foto: Reprodução/Instagram

Um ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) denunciou nesta quinta-feira (2) que, enquanto trabalhava para Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), era obrigado a devolver o salário ao parlamentar.

A denúncia foi confirmada pela colunista Juliana Dal Piva, do portal UOL. O ex-assessor é Marcelo Luiz Nogueira dos Santos. Ele disse à coluna que era obrigado a devolver 80% do salário e do 13º salário, férias, vale-alimentação e restituição do imposto de renda.

Marcelo Nogueira conta que devolvia os valores em dinheiro vivo nas mãos da ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. A prática ocorreu de fevereiro de 2003 a agosto de 2007, segundo o ex-assessor. Ana Cristina hoje vive no Distrito Federal e acabou de alugar mansão no Lago Sul para morar com Renan Bolsonaro. À época, ela era chefe de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro em seu primeiro mandato. O ex-assessor de Flávio, inclusive, diz que no gabinete de Carlos ocorria o mesmo.

O ex-assessor conta que Ana Cristina foi quem ofereceu a vaga de emprego no gabinete de Flávio, com a condição de que ele devolvesse o salário e outros benefícios. “Tudo foi negociado com ela”, conta. Marcelo Nogueira diz que não era um “funcionário fantasma”, e que trabalhava de fato.

Nogueira morou com Ana Cristina durante os últimos cinco anos, antes de a ex-esposa de Bolsonaro se mudar para o Distrito Federal. Ele conta que a mulher queria “escravizá-lo”. “Ela falava ‘você tá fazendo questão, mas não vai ter nem gasto, vai tá morando na minha casa.’ Eu falava que ‘não sou seu escravo não, não trabalho pra morar na casa de ninguém não’.

O funcionário considera que Ana Cristina foi “praticamente” racista com ele. “A gente trabalha pra ter nossas coisas, sou igual todo mundo, não é porque sou preto que vou ficar em casa de patrão não. Ela queria me escravizar, né? Ela me viu como o quê? Só porque eu era preto.”

As denúncias reforçam as suspeitas de “rachadinha” entre os Bolsonaros. Também ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, que é tido como o líder do esquema, chegou a ser preso no ano passado após ficar meses desaparecido. Queiroz estava escondido em um escritório de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, em Atibaia-SP.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado