O deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP) disse nesta terça-feira (9) que a bancada do PSL não vai apresentar destaques na votação da reforma da Previdência. O parlamentar afirmou a jornalistas acreditar que o governo tem entre 320 e 340 votos para garantir a aprovação da matéria no plenário, mas observou que ainda é preciso conversar com alguns deputados para “dar uma dobrada neles”.
“Sem destaques do PSL e os deputados do PSL não vão votar em outro destaque seja ele qual for. Isso é fechado”, disse Frota, que foi coordenador da bancada do PSL na comissão especial que analisou a reforma.
“A gente tem certeza que vai chegar num número bom (na votação da reforma no plenário). Hoje eu te falo que está entre 320 e 340 votos, tem alguns deputados ainda que a gente precisa conversar com eles, dar uma dobrada neles, e tá tudo certo”, completou.
Questionado pelo Estadão/Broadcast sobre o que é “dar uma dobrada” nos parlamentares, Frota explicou: “Chamar a atenção deles para que eles possam votar pelo Brasil”.
Conforme informou nesta terça-feira o jornal O Estado de S Paulo, o governo tenta conter o racha do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, para evitar abrir uma “porteira” para novas mudanças na votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Com 22 dos 54 deputados eleitos com a bandeira da segurança pública, o PSL deve entrar na votação dividido em relação a regras mais brandas para policiais federais, rodoviários e legislativos.
Além da pressão por regras mais suaves para policiais, há também defensores de mudanças nas exigências para professores, juízes, procuradores e até mesmo políticos. Para Frota, o texto “já atende bastante a categoria de policiais”.
A equipe econômica alertou ao Palácio do Planalto que, se o PSL ceder às carreiras de segurança pública, poderá haver uma nova onda de pressão por ajustes e risco real de desmonte da economia de R$ 933,9 bilhões nas despesas da Previdência em 10 anos.
Jandira diz que oposição apresentará nove destaques
A oposição pretende apresentar nove destaques na votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados, e um deles será para tentar derrubar o benefício tributário ao setor rural que foi retomado na fase da comissão especial que analisou a proposta de novas regras de aposentadoria.
“Supressiva nós temos nove, um destaque de emenda nós vamos apresentar, que é dos rurais, vamos tentar repor a reoneração que eles tiraram na comissão, e oito supressivos, os quais são vamos definir daqui a pouco, vai depender um pouco do clima aqui dentro da reunião de líderes, disse a líder da minoria, Jandira Feghali, antes de entrar para a reunião de líderes que acontece nesta manhã de terça-feira. Segundo ela, a definição de quais serão os outros oito destaques será feita mais tarde.
A volta da isenção da contribuição previdenciária nas exportações do produtor rural retira R$ 83,9 bilhões da economia esperada de R$ 1,071 trilhão. O fim dela estava previsto no texto do relator, Samuel Moreira (PSDB), mas um destaque mudou o rumo do texto na comissão especial.
“Sem dúvida, com certeza vamos fazer (destaque para os rurais), é uma vergonha falar que vai economizar com professor R$ 10 bilhões, e dar R$ 83 bilhões para ruralista, e falar que está combatendo privilégio, é brincadeira”, disse o líder da Oposição, Alessandro Molon, que também afirmou que o acerto sobre quais serão os outros destaques será feito ao longo do dia “Vamos discutir se iremos manter os mesmos nove da comissão ou não, a tendência é manter”, disse.
Líder do Novo, o deputado Marcel Van Hattem disse que o partido votaria junto da oposição para que o fim do benefício tributário ao setor rural volte ao texto. “Os benefícios não podem ser setoriais”, disse antes de entrar na reunião de líderes.