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Política & Poder

Pressão do PT sobre Ciro pode inviabilizar apoio no 2º turno, diz presidente do PDT

Em 2018, Ciro viajou para a Europa durante o segundo turno da eleição entre Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro

FolhaPress

27/05/2022 18h12

Foto: Evaristo Sá/AFP

Guilherme Seto
São Paulo, SP

Carlos Lupi, presidente do PDT, diz ao Painel que a pressão que tem sido feita por petistas para que Ciro Gomes (CE) retire sua pré-candidatura presidencial para aumentar as chances de Lula (PT) vencer Jair Bolsonaro (PL) já no primeiro turno só vai piorar a relação entre os partidos e pode inclusive inviabilizar o apoio ao ex-presidente em um eventual segundo turno.

Levantamento do Datafolha divulgado nesta quinta-feira (26) mostrou Ciro com 7% das intenções de voto no primeiro turno. Lula lidera com 48%, seguido por Bolsonaro, com 27%. O ex-presidente venceria a eleição de 2022 no primeiro turno se o pleito fosse hoje, com 54% dos votos válidos, ante 30% do presidente.

Lupi se diz mais irritado que Ciro com os apelos para que o projeto federal da sigla seja interrompido e diz que essa pressão pode impossibilitar o apoio ao PT em um eventual segundo turno que não envolva o ex-governador do Ceará.

“A cada dia que o PT insiste em falar para a gente desistir, a cada dia a gente vai insistir mais. Porque isso é um desrespeito à instituição. Partido político não pode ser controlado nem por pesquisa nem por pessoas de outro partido”, diz.

“Cada vez que eles fazem essa pressão para que o Ciro desista, mais a gente vai dizer não. Nós somos osso duro de roer. Temos uma história de 42 anos de partido, depois da democratização, e mais 50 anos com Getúlio Vargas, Leonel Brizola, João Goulart. Não funciona pressão com a gente. Quanto mais pressiona, mais a gente vai ficar firme no processo. É uma ação que acaba revertendo contra eles”, continua.

“Então vou dizer que o PT tem que desistir do Lula? É ridículo. Como é que outro partido vai dizer o que você tem que fazer? Aí inviabiliza até a possibilidade de segundo turno. Inviabiliza mesmo. Muita gente pode ir para o voto nulo, voto de protesto, não votar. É muito perigoso esse comportamento do PT. A cada ação dessa vai piorar nossa relação”, completa.

“A Gleisi [Hoffmann, presidente do PT] disse que respeita o PDT, mas que seria bom ter o apoio… Seria bom para ela, né? Para casar, os dois têm que querer. Se um não quer, não tem casamento”, diz.

Em 2018, Ciro viajou para a Europa durante o segundo turno da eleição entre Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro, o que virou um marco na relação tensa de petistas com ele. Em vídeo recente, ele negou ter ido para Paris, como costumam dizer os petistas, e atribuiu a Lula essa “versão malévola”. Ele afirma que foi para Lisboa e retornou ao Brasil antes do dia da votação, quando escolheu Haddad.

O presidente do PDT diz que a chance de desistência é zero. “Voto útil é inútil. Como que vai declarar voto útil numa eleição de dois turnos? Daqui a pouco vão abolir as eleições. ‘Se a pesquisa está dizendo, para que eleição?’ Isso é menosprezar o direito à cidadania e o direito ao voto. Até o dia da eleição muita coisa acontece”, argumenta.

Sobre o Datafolha, Lupi diz ter feito uma leitura positiva do quadro.

“Fiquei mais otimista. Ciro ampliou sua vantagem sobre o Bolsonaro em um segundo turno. Isso tira o discurso de que só o Lula vence o Bolsonaro. Também mostra baixa rejeição. Ciro tem muito menos rejeição que o Lula e menos da metade da rejeição do Bolsonaro. Ele tem potencial de crescimento muito grande ainda”, afirma.

O pedetista aposta em um segundo turno entre Lula e Ciro.

“Ninguém na história conseguiu se reeleger com uma rejeição de 50% como a que Bolsonaro tem”, diz.

“Quem garante que a rejeição do Bolsonaro não aumenta e ele fica fora do segundo turno? Eu acredito nisso.”

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