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Política & Poder

Presidente da Caixa fica incomodada e diz que pergunta sobre permanência à frente do banco deve ser feita a Lula

A demissão da presidente da Caixa é dada como certa. Hoje a principal cotada para a pasta é a ex-deputada Margarete Coelho

Redação Jornal de Brasília

17/08/2023 14h27

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Lucas Bombana
São Paulo, SP (Folhapress)

Em meio às discussões sobre uma reforma ministerial em estudo pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, demonstrou incômodo ao ser questionada se permanecerá no cargo.

“Faz 50 dias que sou questionada sobre a mesma coisa e faz 50 dias que eu estou aqui trabalhando. Acho que a pergunta [sobre a troca na presidência da Caixa] não deve ser feita mais a mim, deve ser feita ao meu patrão, o presidente da República”, afirmou a presidente da Caixa, durante entrevista para comentar os resultados do banco no segundo trimestre.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que o presidente Lula sinalizou a integrantes da cúpula de seu partido a disposição de que a reforma ministerial em estudo tenha como alvo pastas hoje de ministros sem padrinhos políticos e representantes de PSB e PT.

A demissão da presidente da Caixa é dada como certa. Hoje a principal cotada para a pasta é a ex-deputada e advogada próxima a Arthur Lira (PP-AL), Margarete Coelho. “A pergunta está sendo feita para a pessoa errada. A única orientação que recebi dele [presidente Lula] é que tenho de trabalhar”, afirmou Serrano. “Não aguento responder a mesma coisa há quase dois meses”, disse a executiva.

A vice-presidente de riscos da Caixa, Henriete Bernabé, abordou também o impacto relacionado ao programa de microcrédito Sim Digital, iniciado no governo Bolsonaro poucas semanas antes da eleição do ano passado.

A vice-presidente do banco classificou o programa como “controverso”, por estimular o endividamento da população, e disse que a inadimplência do Sim Digital está hoje ao redor de 88%, dentro de uma carteira total de cerca de R$ 2,9 bilhões. No início do ano, a taxa estava mais próxima de 80%.

Reportagem da Folha mostrou que o FGTS levou um calote de mais de R$ 2 bilhões após fornecer recursos para o programa de microcrédito da Caixa.

Serrano comentou que vê como natural o aumento no índice de atrasos, já que, com o passar do tempo, mais pessoas deixam de quitar as dívidas.

A alta taxa de pagamentos em atraso, contudo, não se reverteu até o momento em prejuízo à Caixa. Isso porque, pelos termos firmados na estruturação do programa, as perdas com inadimplência do banco são honradas pelo FGM (Fundo Garantidor de Microfinanças).

No primeiro semestre, o fundo garantidor realizou um aporte de cerca de R$ 570 milhões à Caixa para compensar as perdas decorrentes da falta de pagamentos do programa de microcrédito. “Não há de se falar, até o momento, em prejuízo para a Caixa [por causa do Sim Digital]”, afirmou Bernabé.

Serrano afirmou ainda que, se fosse a presidente do banco na época em que foram instituídos tanto o Sim Digital, como também o consignado do Auxílio Brasil, não teria autorizado a operação de nenhum dos dois pelo banco.

Ela disse que ambos são programas “questionáveis”, e que, quando assumiu a presidência do banco, deu início a auditorias internas para verificar se todos os procedimentos de controles de risco foram seguidos.

Inadimplência da Caixa começa a cair no 4º trimestre

A vice-presidente do banco acrescentou ainda que espera por uma acomodação do índice de inadimplência consolidado do banco durante o terceiro trimestre do ano, com um possível arrefecimento das taxas ao longo do quarto trimestre.

A inadimplência da carteira de crédito total fechou semestre em 2,79%, ante 1,89% em junho de 2022.
A expectativa quanto ao desempenho futuro do índice de atrasos, afirmou a executiva, decorre de uma possível melhora na capacidade de pagamento das famílias. O programa Desenrola Brasil deve contribuir para essa melhora, disse a vice-presidente do banco.

O banco informou que, por meio do Desenrola, alcançou cerca de R$ 1,5 bilhão em dívidas negociadas para mais de 70 mil clientes, viabilizando a regularização de 89 mil contratos.

A Caixa registrou lucro líquido de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre de 2023, o que corresponde a uma alta de 40,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (16).

Em relação ao primeiro trimestre de 2023, houve uma alta de 36,8%. No semestre, o lucro foi de R$ 4,5 bilhões, crescimento de 3,2% em bases anuais. O resultado foi impulsionado, disse Serrano, pelo crescimento da carteira de crédito.

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