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Política & Poder

Polícia Civil do RJ teve Rivaldo e mais 3 ex-chefes presos desde 2008

Rivaldo foi alçado ao cargo de delegado chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do crime. O deputado federal Chiquinho Brazão

Redação Jornal de Brasília

26/03/2024 17h02

Atualizada 27/03/2024 15h25

Foto: Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

Nos últimos 16 anos, quatro chefes da Polícia Civil do Rio foram presos -o último foi Rivaldo Barbosa, apontado pela Polícia Federal como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Rivaldo foi alçado ao cargo de delegado chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do crime. O deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil), o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão e o delegado Rivaldo foram presos no domingo (24) após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Já Allan Turnowski foi preso em setembro de 2022 por organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho. O delegado havia se afastado do cargo no governo estadual para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022 pelo PL, mas acabou preso.

Organização de Turnowski teria vazado informações para Adriano da Nóbrega, do “Escritório do Crime”. Na época, a polícia disse que Turnowski trabalhava em conjunto com o também delegado Maurício Demétrio, que mantinha contato constante com Adriano por meio de um emissário do bicheiro Rogério de Andrade. Adriano da Nóbrega foi morto em fevereiro de 2020.

Turnowski saiu da cadeia dias depois após habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do STF. Em nota, a defesa de Turnowski afirmou, na época, que “seu cliente não cometeu qualquer ilicitude, independentemente da esfera de apuração e, jamais teve qualquer envolvimento com pessoas ligadas ao jogo do bicho e ou o crime organizado”.

Álvaro Lins, ex-chefe da polícia dos governos Rosinha e Anthony Garotinho, foi preso em maio de 2008.

Na ocasião, ele foi acusado e condenado por proteger bicheiros e operadores de máquinas caça-níqueis no Rio. Ele foi solto em maio de 2009 e cumpre a pena em liberdade. Lins chegou a ser eleito deputado estadual pelo antigo PMDB, mas foi cassado. Ele está inelegível até 2025 após condenação pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio.

O sucessor de Álvaro Lins, Ricardo Hallak, também foi preso em maio de 2008 por corrupção passiva em esquema com bicheiros. Ele foi condenado por corrupção passiva no âmbito de um esquema de exploração do jogo do bicho no Rio que também envolveria o ex-governador Anthony Garotinho e Álvaro Lins. A PF e o Ministério Público disseram que o trio integrava uma “organização criminosa” que usou a estrutura da segurança do Rio para praticar corrupção, extorsão, facilitação de contrabando e lavagem de dinheiro. Hallak morreu em novembro de 2023 após um AVC (acidente vascular hemorrágico).

FAMÍLIAS FICARAM SURPRESAS COM ENVOLVIMENTO DE RIVALDO

Viúva de Marielle afirmou que Rivaldo foi a primeira autoridade a receber as famílias após o crime. “[Ele falou] que seria uma prioridade da Polícia Civil a elucidação desse caso e hoje saber que o homem o qual nos abraçou, prestou solidariedade e sorriu, hoje tem envolvimento é para nós entender que a Polícia Civil não foi só negligente”, disse a vereadora do Rio Mônica Benício (PSOL).

“Apesar de não ter idealizado [o crime], ele [Rivaldo] foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato”, diz o documento da PF. Foi Rivaldo quem garantiu a impunidade do crime, disse em delação premiada à PF o ex-policial Ronnie Lessa, que executou os tiros.

“A Polícia Civil não foi só negligente, não foi só por uma falha que chegamos a seis anos de dor, mas também por ter sido conivente com todo esse tempo de não elucidação do caso. A Polícia Civil não apenas errou, mas também foi cúmplice desse processo”, disse ainda Benício.

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