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Política & Poder

PF escala para segurança de Lula delegado que trabalhou com Dilma e nas Olimpíadas

A PF destacou três delegados para fazer a segurança da campanha de Lula: Andrei Augusto Passos, Rivaldo Venâncio e Alexsander Castro

FolhaPress

04/07/2022 20h57

Fabio Serapião, Marianna Holanda e Julia Chaib
Brasília, DF

A PF (Polícia Federal) destacou três delegados para fazer a segurança da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Andrei Augusto Passos Rodrigues, Rivaldo Venâncio e Alexsander Castro Oliveira.
Rodrigues será o coordenador da equipe. Oliveira, o chefe operacional, e Venâncio, operacional substituto.

O coordenador da equipe fez a segurança da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2010 e era próximo do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

Recentemente, Dilma o indicou para fazer a segurança de Lula, de acordo com interlocutores ouvidos sob reserva.

Delegado há quase 20 anos, ele foi secretário extraordinário de Segurança de Grandes Eventos, responsável pela Copa do Mundo em 2014 e pelos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, no Rio. Atualmente, é chefe da Divisão de Relações Internacionais da Polícia Federal.

Oliveira, por sua vez, atua hoje na corporação como coordenador de Repressão a Crimes Violentos, Tráfico de Armas, Crimes contra o Patrimônio e Facções Criminosas. Já Venâncio é delegado no Paraná.

A escolha ocorreu em comum acordo com a equipe do petista e foi comunicada internamente nesta segunda-feira (4), em Boletim de Serviço da PF.

Havia grande preocupação no PT com o perfil do agente da Polícia Federal destacado para atuar na equipe do pré-candidato.

O temor era que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pudesse influenciar no processo de escolha, uma vez que a PF está dentro da estrutura do Ministério da Justiça.

Este ano será a primeira vez que o comando da segurança dos candidatos terá três delegados. Em 2018, eram dois.

Não há definição sobre um número máximo de agentes a ser empregado na segurança. A avaliação na PF é que os candidatos estão sujeitos a um risco mais alto do que em pleitos anteriores.

Os três delegados devem se encontrar com a campanha petista ainda nesta semana. Eles já realizaram uma primeira reunião com representantes do PT na semana retrasada, para trocar impressões.

No entanto, os delegados só podem começar a atuar depois da convenção partidária, quando a candidatura de Lula for oficializada.

Esse é um dos motivos para que petistas do círculo próximo a Lula queiram realizar o evento já em 21 de julho, no dia seguinte à abertura do prazo pelo calendário eleitoral (20 de julho a 5 de agosto).

Apesar da necessidade de aguardar a convenção, o plano de atuação já está pronto. Há preocupação, entre outras coisas, em equalizar a segurança do pré-candidato com a intenção de fazer campanha em locais públicos, onde o acesso de participantes não é controlado.

Além do mais, o fato de que hoje há mais armas em circulação é visto como alerta.

O primeiro encontro com os delegados foi celebrado por aliados de Lula. Para eles, o grupo demonstrou priorizar a segurança do pré-candidato e querer se antecipar no planejamento de ações.

Na reunião, os delegados da PF contaram que a facada sofrida por Bolsonaro durante a campanha de 2018 foi um grande problema para a corporação e que, por isso, foram tomadas medidas para reforçar a segurança dos presidenciáveis.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, os policiais relataram que quem fizer a proteção dos candidatos terá passado por um curso de segurança de dignitários e que há critérios bem definidos para decidir o nível de risco a que um presidenciável será submetido.

Durante o encontro, também foram debatidos detalhes da segurança de Lula. A proteção do ex-presidente é um dos temas que mais preocupam aliados próximos do pré-candidato.

O temor de que ele sofra um ataque é grande. Pessoas próximas a Lula dizem, por exemplo, que para coibir eventuais atentados via drones seria preciso ter poder de polícia para abordar os envolvidos, o que os membros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) não têm –por ser ex-presidente, o petista já conta com uma equipe de segurança que recebe treinamentos do GSI.

No dia 15 de junho, quando o pré-candidato participou de agenda em Minas Gerais ao lado do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), um drone sobrevoou o local onde ocorreria o ato com Lula e atirou fezes e urina sobre os militantes que estavam no local. Os suspeitos de pilotar o drone foram detidos no local em flagrante.

Aliados de Lula esperam que a presença da PF seja capaz de rastrear esse tipo de situação e prender os suspeitos antes que ocorra um eventual ataque ou mais rápido do que a PM local. O PT também quer aumentar o cordão de proteção humana em torno do pré-candidato.

Uma das principais preocupações de petistas é com eventos grandes e abertos, porque o risco de exposição é consideravelmente maior.

Por esse motivo, por exemplo, Lula foi desaconselhado a participar do cortejo da Independência em 2 de julho em Salvador.

Mas o ex-presidente decidiu ir e caminhou por cerca de um quilômetro, de colete. O petista estava sob forte esquema de segurança e não foi hostilizado no percurso.

Cercado de apoiadores, ouviu gritos de “Lula guerreiro do povo brasileiro” e “Olê, olê, olá, Lula, Lula”.

Lula lidera as pesquisas de intenção de voto. Segundo o último Datafolha, ele desponta com 19 pontos a frente de Bolsonaro, com 47% contra 28%.

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