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Política & Poder

Orçamento atrapalha tarefa de Bolsonaro de atrair eleitores indecisos; leia a análise

Auxílio Brasil de R$ 600 é uma parte importante dessa estratégia, especialmente entre eleitores mais pobres

Redação Jornal de Brasília

01/09/2022 6h06

(Foto divulgação)

A economia é a maior preocupação dos eleitores em 2022. Para ser reeleito, o presidente Jair Bolsonaro precisa convencer os indecisos de que a vida está melhorando e, principalmente, que continuará a melhorar nos próximos quatro anos. O Auxílio Brasil de R$ 600 é uma parte importante dessa estratégia, especialmente entre eleitores mais pobres. Mas Bolsonaro não pode contar apenas com isso, pois o efeito positivo do Auxílio sobre sua candidatura deve ser limitado, e pode ser neutralizado pela campanha adversária.

O efeito tende a ser limitado considerando o tamanho da população que recebe o benefício e que ainda não está muito convicta sobre suas preferências para outubro. É um número grande de eleitores, milhões de pessoas, mas que proporcionalmente representa apenas uma fração da população. É possível que Bolsonaro ganhe alguns pontos porcentuais nas pesquisas conforme os pagamentos sejam feitos até outubro, mas dificilmente crescerá mais do que 3 pontos por causa dessa medida.

Para que Bolsonaro seja beneficiado por esse efeito, porém, a comunicação será muito importante. Nesse sentido, o fato de a proposta orçamentária para 2023 trazer o valor de R$ 405 não ajuda. Parte do tempo que Bolsonaro deve dedicar ao Auxílio em sua propaganda precisa ser gasto em convencer o eleitor de que o valor de R$ 600 será mantido no ano que vem.

Dúvidas

Além disso, o fato de o aumento ter sido proposto próximo da eleição já parece aumentar a desconfiança dos eleitores, que em sua maioria vê o aumento como eleitoralmente motivado. Em outras palavras, a maioria dos eleitores parece desconfiada de que Bolsonaro não está genuinamente pensando nos mais pobres, mas está tentando comprar seu voto. O PT, com André Janones, tem batido insistentemente nessa tecla, de que o aumento tardio demonstra falta de compromisso de Bolsonaro com o programa social.

Mas, na batalha de versões, Bolsonaro precisa insistir. Se a economia seguir aquecida nos próximos dois meses, e a campanha de Bolsonaro for convincente na mensagem de que, “o que não está bom, ainda vai melhorar”, suas chances podem crescer. Lula, por sua vez, deve redobrar a aposta na agenda econômica, para continuar se diferenciando de Bolsonaro, mas ainda precisa encontrar uma boa estratégia para lidar com as perguntas sobre corrupção.

Estadão Conteúdo

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