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Política & Poder

‘O fato do ministro da Educação não ser conhecido já é bom, em se tratando desse governo’, diz Buarque

Ex-senador disse que os dois últimos ministros da Educação mostraram que Bolsonaro “não tem clareza, continuidade nem linha de trabalho para com a Educação”

Redação Jornal de Brasília

26/06/2020 13h56

Hylda Cavalcanti
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O ex-senador Cristovam Buarque, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-ministro da Educação no governo Lula, disse ontem que não conhece o militar Carlos Alberto Decotelli da Silva, que assumiu a pasta em substituição a Abraham Weintraub. Ele destacou que “só o fato de nunca ter ouvido falar (em Decotelli) já é um ponto positivo, se considerarmos o governo que aí está”.

Cristovam criticou os ministros que passaram pelo cargo no atual governo, Ricardo Velez e em seguida Weintraub. Sua avaliação é que Bolsonaro “mostrou que não tem clareza, nem continuidade ou linha de trabalho, além de não saber escolher bem as pessoas para ocupar o Ministério da Educação”.

Sobre Weintraub, o ex-senador afirmou que este “saiu passando a impressão de que estava fugindo” e teve uma péssima passagem pela pasta. “Mesmo o governo Bolsonaro nunca tendo sido um governo bom, perdeu bastante com esse ministro”, ressaltou.

Livro sobre a esquerda

O depoimento de Cristovam Buarque foi dado durante live concedida ao jornalista Magno Martins, do Blog do Magno, na noite de ontem. O ex-senador tambem falou sobre o seu livro, lançado em dezembro passado e intitulado Por que falhamos”, que tem repercutido em todo o país.

Na obra, conforme ele contou, são citados 24 erros que em sua opinião foram cometidos pela esquerda progressista brasileira de 1994 até hoje. Dentre esses, destaca a falta de união entre os partidos, a negação em admitir os erros do passado, o fato de os governos “não terem deixado um país bom” e a corrupção.

Cristovam Buarque afirmou que a esquerda progressista do país, incluindo ele próprio, não se elegeu em 2018 porque “estava na hora de mudar”. Ele não considera que Bolsonaro ganhou as eleições que o colocaram na cadeira de presidente da República.

“O Bolsonaro não ganhou, fomos nós que perdemos. O eleitor é sábio. Queria coisa nova e mostrou isso nas urnas”. destacou. “Não votaram para elegê-lo, votaram para que nós não ganhássemos”, acrescentou.

Segundo o ex-senador tudo de bom que foi feito pela esquerda no país “ainda foi muito pouco”. “Não levou a transformações profundas no país como esperávamos”, frisou.

A seu ver, mesmo as transformações provocadas na mesa dos brasileiros com o programa Bolsa Família – criado a partir do programa Bolsa Escola, implantado na sua gestão como governador do Distrito Federal – ainda foi um avanço pequeno.

Riscos à democracia

Perguntado se vê riscos hoje à democracia, Buarque disse que riscos sempre existem, mas não acha que o presidente tenha condições de dar um golpe nas atuais circunstâncias, até pelas suas características. “Os ditadores são extremamente carismáticos, possuem inteligência privilegiada e boa dose de brutalidade. Dessas qualidades só vejo em Bolsonaro a brutalidade”, ironizou.

Sobre o ex-ministro Sérgio Moro, ele destacou que não vê nele um futuro presidente da República, porque seu eleitorado de raiz é o eleitorado de Bolsonaro. O ex-senador disse que não viu muitas provas no caso do apartamento tríplex que levou Moro a incriminar Lula e o levar à prisão. Apesar disso, respeitou a posição dele enquanto magistrado, embora não nutrisse simpatia por sua pessoa. Mas considerou o maior erro de Moro ter aceitado integrar o governo Bolsonaro.

Cristovam está participando de vários movimentos de apoio à democracia, pelo fortalecimento das instituições e contrários a Jair Bolsonaro. Afirmou achar que no segundo turno nas eleições presidenciais de 2022 se repetirá o pleito de 2018. “Podem apostar, em 2022 vão disputar o segundo turno o candidato do PT, seja quem for, e Bolsonaro”, frisou.

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