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Política & Poder

O Brasil está de volta, diz Lula na Assembleia-Geral da ONU

“A fome atinge hoje, 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”, disse o presidente

Geovanna Bispo

19/09/2023 11h00

Foto: ED JONES/ AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, nesta terça-feira (19), a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York. É uma tradição que o representante brasileiro faça o primeiro discurso da reunião. “Não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz”, disse.

Lula iniciou o discurso relembrando sobre a primeira vez em que falou na assembleia, em 2003. “Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade, reafirmando o que disse em 2003”, disse.

Foto: Timothy A. Clary/AFP

Ainda durante fala, Lula reforçou a cobrança pela reforma das instituições multilaterais globais e a importância da preservação do meio ambiente. “Em meio aos escombros do neoliberalismo, surgem aventureiros de extrema-direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas. Muitos sucumbiram à tentação de substituir um neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário”, disse.

“Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implementação do que já foi acordado. Não é por outra razão que falamos em responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, disse.

Outro ponto fortemente defendido pelo presidente foi o fim da desigualdade e da fome. “A desigualdade precisa inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano. Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo ao nosso redor”, afirmou.

Por fim, Lula cobrou a ONU sobre o assunto. “A ONU precisa cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Mas só o fará se seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la”, finalizou.

Apoio

Em discurso feito pouco antes do presidente brasileiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou o pedido de Lula sobre a reforma das instituições. Segundo o representante, “o mundo mudou”, mas as instituições continuam as mesmas.

“Chegou a hora de renovar as instituições multilaterais, baseando-se nas realidades econômicas e políticas do século 21 e ancorados nos princípios da Carta da ONU e do direito internacional”, disse Guterres.

O secretário ainda defendeu a reforma do Conselho de Segurança da organização e da estrutura financeira internacional. O conselho é formado por 10 representantes rotativos e cinco permanentes com poder de veto.

Esvaziamento

O plenário em que o presidente brasileiro discursa, porém, está esvaziado. Além dos já esperados faltantes presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, não compareceram. Assim, o presidente dos Estados Unidos é o único presente entre os líderes do Conselho de Segurança da ONU.

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