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Política & Poder

Nova cota para negros no governo pode influenciar políticas públicas, defende ativista

Segundo a ativista, ‘’ter mais pessoas negras nesses ambientes faz com que a gente comece a pensar e mudar processos de cultura’’

Redação Jornal de Brasília

03/05/2023 14h52

Foto: Reprodução

Luiz Guilherme Ribeiro
Jornal de Brasília/Agência de Notícias CEUB

Durante uma cerimônia realizada no mês passado no Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou que, até dezembro de 2025, 30% dos cargos e funções de confiança no Executivo deverão, obrigatoriamente, ser ocupados por negros. Essa decisão pode influenciar diretamente na sociedade e na criação de novas políticas públicas para negros.

Segundo Ludymilla Santiago, membra da liderança afro-brasileira nas comunidades LGBT+, ‘’ter mais pessoas negras nesses ambientes faz com que a gente comece a pensar e mudar processos de cultura’’.

A ativista ressalta ainda, durante entrevista exlcusiva, que tal decisão gerará um grande impacto sim na criação de políticas públicas voltadas a negros, mas que o decreto é apenas a ponta de um grande iceberg.

‘’Somente isso (decreto dos 30%) não vai fazer com que de fato a gente termine, ou diminua, o racismo. Então isso é uma iniciativa, um posicionamento, de que as coisas precisam mudar e de que essas pessoas (negros) precisam estar nestes espaços de poder. Isso terá sim um impacto social, mas a gente não pode achar que isso é a solução dos problemas de desigualdade e achar que o racismo vai acabar só por conta desta decisão’’, disse Ludymilla.

Apesar da tendência ser um aumento de políticas públicas direcionadas aos negros, o decreto pode apresentar falhas durante sua implementação. A membra da liderança afro-brasileira nas comunidades LGBT+ aborda este tópico durante nossa conversa.

‘’A gente tem uma população onde mais de 50% das pessoas se consideram pretas ou pardas, mas a gente não vê essas pessoas representadas nos espaços, e quando a gente vê, não nos cargos de destaques, cargos de decisões. Não adianta a gente levar pra dentro do governo várias pessoas pretas e pardas e, muitas vezes, elas não estarem nesses lugares decisórios e importantes’’, reitera Santiago.

Segundo levantamento feito pelo Ipea (Instituto de Economia Aplicada) a respeito dos cargos dos minisitérios, 65% são ocupados por homens, 15% por mulheres brancas, 15% por homens negros e apenas 1,3% por mulheres negras. Inclusive, conseguimos contato com uma dessas mulheres negras que ocupam cargos no Executivo.

Ela preferiu não se identificar, mas deu seu posicionamento sobre o novo decreto e falou um pouco mais sobre suas experiências. ‘’Eu acredito que esta cota seja muito benefica para nós, negros. Acredito que com mais negros no Executivo teremos mais porta-vozes e mais pessoas com o intuito de ajudar nossa raça’’, disse a entrevistada.

‘’Eu mesma não tenho uma companheira de trabalho negra. Já vi até uma ou outra passar pelos corredores, mas quase nunca. Acredito que esta decisão, além de fazer com que a sociedade repense o motivo de termos tão poucos pretos em espaços como estes , também mudará o jeito da população pensar, porque este é um importante passo para que os negros recebam os apoios que merecem’’, complementa a comissionada.

Por fim, vale frisar que a Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial, disse que ‘’nós temos pessoas negras qualificadas para preencher esses cargos’’. Ao todo, Franco possui mais de seis mil currículos. Eles serão distribuídos por alguns ministérios – Planejamento, Relações Institucionais, Justiça e Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).

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