Menu
Política & Poder

Lula devolve ao Meio Ambiente cadastro rural e Serviço Florestal

O CAR e o Serviço Florestal haviam sido deslocadas para o Ministério da Agricultura no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante a gestão de Ricardo Salles

FolhaPress

02/01/2023 20h37

Foto: Agência Brasil

João Gabriel
Brasília, DF

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu devolver o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e o Serviço Florestal para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, novo nome da pasta.

As mudanças foram oficializadas no decreto que reestrutura o ministério –agora comandado por Marina Silva–, publicado nesta segunda-feira (2) no Diário Oficial da União.

O CAR e o Serviço Florestal haviam sido deslocadas para o Ministério da Agricultura no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante a gestão de Ricardo Salles.

A função do cadastro é, primeiro, registrar imóveis em área rural e depois fiscalizar as leis ambientais nos locais.

Para Mauricio Guetta, assessor jurídico do ISA (Instituto Socioambiental), as mudanças aplicadas por Salles eram como “colocar a raposa para cuidar do galinheiro”.

Ele lembra que o CAR foi proposto, no âmbito da criação do Código Florestal (em 2012), pelos próprios ruralistas como instrumento para fiscalizar o cumprimento da lei dentro de propriedades rurais e como forma de compensar as anistias por desmatamento concedidas à época.

O instrumento vem enfrentando problemas desde então. Há diversos casos de propriedades que passaram apenas pela primeira parte do registro, a autodeclaração, mas que nunca foram validadas –e é nessa segunda etapa que o órgão controlador deveria verificar se as regras estão, ou não, sendo cumpridas.

A mudança de pasta promovida pela gestão Bolsonaro, ressalta o advogado, representou conflito de interesse, uma vez que é o quadro técnico do Meio Ambiente, não da Agricultura, que tem capacidade para realizar essa função de fiscalização.

“Com o retorno à pasta original, há uma expectativa de que o CAR seja melhor implementado, até porque a atual ministra tem como norte de sua atuação a efetividade das políticas públicas. Mas existem complexidades”, diz Guetta.

Segundo ele, a principal delas é que, na grande maioria dos casos, quem valida as informações autodeclaradas são os estados, não o governo federal.

Caso análogo acontece com o Serviço Florestal. É ele o responsável por implementar políticas ambientais, por fazer as concessões florestais, que exigem análise técnica aprofundada de impactos ambientais.

Durante a gestão de Salles –e, portanto, com o serviço subordinado à Agricultura– foram registradas, por exemplo, concessões com descumprimento de norma.

Também foi nessa época que o governo extinguiu a fiscalização de exportação de madeira nativa, que culminou com a saída do então ministro, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) foi acionado para analisar o caso.

Também nesta segunda, o governo Lula editou uma série de atos sobre a questão ambiental. Por exemplo, o Fundo Amazônia, que tem hoje R$ 3,3 bilhões e foi paralisado por Bolsonaro, foi restabelecido.

Também foi revogado o decreto do ex-presidente que flexibilizava as restrições contra o garimpo em terras indígenas, e o Fundo Nacional do Meio Ambiente foi reestruturado.

O novo governo ainda trouxe de volta o PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal) e determinou que existam planos análogos para outros biomas brasileiros, como o cerrado e o Pantanal.

Além disso, foram redigidas normas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) que visam evitar a prescrição de multas aplicadas pelo órgão e avaliadas em um total de quase R$ 19 bilhões.

O novo governo trouxe também de volta as instituições da sociedade civil para dentro do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que havia sido esvaziado por Bolsonaro.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado