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Política & Poder

Lula aposta em Alckmin na cúpula da campanha e busca atrair tucanos

Além do ex-governador, para reforçar o simbolismo de uma inflexão ao centro, a direção petista quer atrair nomes históricos do PSDB

Redação Jornal de Brasília

15/05/2022 8h08

Foto: Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende abrir espaço para o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) na cúpula de sua campanha ao Planalto. A ideia é que o vice na chapa tenha protagonismo, indicando três nomes para a equipe de plano de governo e mais dois nomes para a coordenação política. Além do ex-governador, para reforçar o simbolismo de uma inflexão ao centro, a direção petista quer atrair nomes históricos do PSDB que permanecem filiados ao partido rival.

A ideia é arregimentar o apoio de tucanos que consideram prioridade uma aliança para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) mesmo que o PSDB mantenha candidatura própria ou se alie ao MDB e apoie oficialmente a senadora Simone Tebet (MS).

A chapa presidencial da aliança PT-PSB foi lançada sem que tenham sido apresentadas propostas claras para um futuro governo que conciliem as diferenças entre petistas e alckmistas. A busca por apoios entre os tucanos seria um meio de afastar a ideia de que o acordo com o ex-governador teria sido algo para “inglês ver”, uma mera aliança personalista.

PT e PSDB formaram a polarização hegemônica no período pós-redemocratização, com divergências principalmente sobre diretrizes econômicas. Lula defende a presença de Alckmin nas decisões da campanha para ter ao seu lado alguém que pense diferente dos companheiros e possa, segundo apurou o Estadão, adverti-los quando estiverem “fazendo bobagem”. De acordo com petistas, o núcleo da campanha terá dois grupos: uma coordenação executiva enxuta e uma coordenação-geral, com líderes de siglas aliadas.

“A expectativa é de que Geraldo tenha protagonismo na campanha, e não será só de fachada”, disse o advogado e coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio Carvalho, que integra o círculo mais próximo de Lula. Este grupo no entorno do petista deve ter, além de Alckmin, Luiz Dulci – que cuidará da agenda do candidato –, a deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffmann – coordenadora-geral da campanha –, Edinho Silva e Rui Falcão – que cuidarão da comunicação – e os ex-governadores Wellington Dias e Jaques Wagner, responsáveis pelos contatos políticos. Interlocutores de Alckmin confirmaram conversas com o PT para que ele esteja na cúpula da campanha.

Petistas e alckmistas também buscam atrair integrantes do PSDB que têm peso na opinião pública, acesso aos meios de comunicação e ao mercado. Esses nomes são apontados até como potenciais ministros ou colaboradores de um eventual governo: Aloysio Nunes Ferreira, José Aníbal, Marconi Perillo, Arthur Virgílio, Tasso Jereissati e Rodrigo Maia. Há esperança, ainda, de se contar com o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em um possível segundo turno da disputa presidencial.

Na cúpula petista há um sentimento de resignação: integrantes da pré-campanha contabilizam o desconforto de terem menos espaço numa eventual gestão em troca da governabilidade. Já entre tucanos, além da resistência que veem em seus eleitores, há desconfiança sobre questões econômicas, como o compromisso do PT com responsabilidade fiscal e a divisão de atribuições no poder.

Mesmo assim, anteontem, o primeiro desses tucanos – Aloysio Nunes – assumiu ao Estadão o apoio a Lula já no 1.º turno. “O 2.º turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no 1.º turno”, disse ele à coluna da repórter Vera Rosa. Já houve encontros e conversas entre petistas e Aníbal e Jereissati.

O ex-governador de Minas Fernando Pimentel (PT) esteve com Lula na segunda-feira, em Belo Horizonte. “É difícil que o partido venha inteiro para nossa aliança, pois a legenda está nas mãos do (João) Doria e do Aécio (Neves)”, disse ele.

O apoio dos tucanos é visto também como forma de ajudar a reduzir resistências ao petismo na classe média e no eleitorado com maior escolaridade após os escândalos da Lava Jato e do mensalão. “São importantíssimos, ainda que o apoio seja a título pessoal”, destacou Pimentel. Quando prefeito de Belo Horizonte, ele fez acordo com o PSDB liderado por Aécio, mas a aliança na eleição municipal de 2008 fracassou. Para o petista, o apoio de Aloysio e outros tucanos pode indicar “participação em um futuro governo”.

Estadão Conteúdo

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