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Política & Poder

Luana Araújo diz que autonomia médica não é licença para experimentação

“Uma população ignorante no sentido de falta de informação é uma população vulnerável”, declarou a ex-secretária executiva do Ministério da Saúde

Willian Matos

02/06/2021 11h16

Luana Araújo na CPI da Covid

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A médica infectologista Luana Araújo, ex-secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, fala à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (2). Luana foi perguntada sobre autonomia médica e uso de medicamentos contra o novo coronavírus sem eficácia comprovada.

Para Luana, a autonomia do profissional de medicina é importante, desde que baseada em conceitos da profissão. “Autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação. Precisa ser defendida, sim, mas com base em alguns pilares: da plausibilidade teórica do uso daquela medicação; do volume de conhecimento científico acumulado até aquele momento sobre aquele assunto; na ética; e na responsabilização”, explicou.

A infectologista declarou ainda que a exaltação de medicamentos sem eficácia comprovada tende a fazer com que a população crie esperanças indevidas. “A gente vê que as pessoas e apegam a uma esperança sobre uma proteção ou uma chance de não desenvolver uma doença grave e abandonam aqueles hábitos — hábito é sempre mais difícil de ser conquistado ou ser alterado. As pessoas têm uma tendência de olhar para medicina com uma situação baseada na farmacologia: ‘Eu tomo um medicamentozinho e tá resolvida a vida’. Não é assim”, comentou.

“Uma população ignorante no sentido de falta de informação é uma população vulnerável. Então, a partir do momento em que a gente vulnerabiliza as pessoas com informações incorretas, a gente não pode esperar que o resultado seja positivo.”

Luana não chegou a ser oficialmente nomeada secretária executiva do Ministério da Saúde. No dia 11 de março, o ministro Marcelo Queiroga anunciou a chegada da médica à pasta, mas, dez dias depois, ele informou a ela que seu nome não havia sido aprovado. Segundo a infectologista, ninguém explicou por que ela foi descartada.

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