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Política & Poder

Justiça condena editora a pagar R$ 30 mil a ex-goleiro Bruno por capa de livro

O juiz Luiz Cláudio Marinho, da 31ª Vara Cível, entendeu que a editora “extrapolou o exercício regular do direito da liberdade de expressão”

Redação Jornal de Brasília

15/08/2023 18h32

Bruno Fernandes, 32, is presented as the new BOA Esporte goalkeeper in a press conference at the club’s headquarters in the city of Varginha, Minas Gerais, southeast Brazil on March 14, 2017. Boa Esporte signed Fernandez, a former goalkeeper of Atletico MG and Flamengo, who was in prison since 2010, accused of involvement in the murder of his girlfriend Eliza Samudio and sentenced in 2013 to 22 years. He was released from prison last month after an appeal to the Supreme Court. / AFP PHOTO / CRISTIANE MATTOS

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

A Justiça do Rio de Janeiro condenou a editora Record a pagar R$ 30 mil pelo uso não autorizado de uma foto do ex-goleiro Bruno Fernandes na capa do livro “Indefensável” (2014), que narra o assassinato da modelo Eliza Samudio, pelo qual o ex-atleta do Flamengo foi condenado. Cabe recurso.

Em decisão do dia 27 de julho, o juiz Luiz Cláudio Marinho, da 31ª Vara Cível, entendeu que a editora “extrapolou o exercício regular do direito da liberdade de expressão” e afirmou que o uso da imagem do ex-goleiro teve como objetivo auferir lucro.

“A veiculação da imagem do autor na capa da obra literária ‘Indefensável – O Goleiro Bruno e a História da Morte de Eliza Samudio’ sem a devida autorização do autor extrapolou o exercício regular do direito da liberdade de expressão e gera o dever de reparar. […] É evidente que a atuação da ré buscou auferir lucros com a publicação da fotografia do autor na capa da obra literária, devendo arcar com os ônus que decorrem da sua atuação”, escreveu o magistrado.

Procurada por meio do endereço de e-mail indicado em seu site, a editora não respondeu até a publicação deste texto.

No processo, a Record afirmou que a foto que estampa a capa do livro foi feita durante uma sessão na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e que adquiriu os direitos de uso da imagem junto ao fotógrafo que a captou.

“A publicação da imagem do autor na capa do livro em nada contribuiu para a venda do exemplar, sendo o foco de interesse do público a narrativa criminosa protagonizada pelo autor, não havendo que se falar em reparação por dano material ou moral”, afirmou a editora Record em sua defesa.

O juiz concordou com o fato de que a foto não contribuiu para o lucro, mas entendeu ser necessário apontar a “responsabilidade daqueles que lidam com a liberdade de expressão, para que não ultrapassem as fronteiras territoriais de seus direitos”.

“De fato, conquanto possa se ventilar que a imagem por si só não foi a causa de alavancamento das vendas dos exemplares, tal fato, por si só, não legitima a publicação da fotografia sem autorização e não afasta a conclusão sobre a precípua finalidade de obtenção de proveito econômico”, afirmou o juiz.
Bruno havia pedido na Justiça R$ 1 milhão em indenização por danos morais e a suspensão da venda de exemplares do livro, bem como 30% do montante bruto apurado com a comercialização da publicação e dos direitos cedidos, em 2019, à TV Globo. O juiz negou esses pedidos.

“O envolvimento do autor e sua condenação pelo crime de homicídio de Eliza Samudio são fatos públicos e notórios, amplamente noticiados na mídia nacional, o que claramente desvincula a alavancagem de vendas à mera exposição de sua imagem na capa do livro”, afirmou Marinho.

O caso envolvendo o ex-goleiro do Flamengo e a modelo Eliza Samudio veio à tona em 2010. Bruno foi condenado a 22 anos de prisão, depois reduzidos a 20 anos e 9 meses, por envolvimento no crime. O corpo da modelo nunca foi encontrado.

Bruno está em liberdade condicional desde janeiro deste ano. Ele está obrigado a se apresentar trimestralmente à Justiça em uma das unidades do Patronato Magarinos Torres, no Rio de Janeiro, para assinar boletim de frequência e manter atualizados seu endereço e suas atividades.

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