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Política & Poder

Julgamento do 8/1 pelo STF tem que ser ‘página virada’ após onda extremista, diz Barroso

Barroso, que assume a presidência do STF no próximo dia 28, foi homenageado na capital mineira pelo Ministério Público de Minas Gerais

Redação Jornal de Brasília

16/09/2023 7h52

O ministro do STF Luís Roberto Barroso em evento do Ministério Público de Minas, nesta sexta-feira (15) – Eric Bezerra/Divulgação MP-MG

LEONARDO AUGUSTO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS)

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou nesta sexta (15) em Belo Horizonte ter a vontade de que os julgamentos relativos ao 8 de janeiro na corte sejam “uma página virada” na história do país.

Barroso, que assume a presidência do STF no próximo dia 28, foi homenageado na capital mineira pelo Ministério Público de Minas Gerais.

“Tenho muita vontade de que esse conjunto de julgamentos, mais de duas centenas de casos, possa ser um momento de virada de página na história brasileira”, disse ele a jornalistas após a homenagem.

O ministro afirmou que não falaria sobre casos específicos relativos aos ataques de 8 de janeiro no STF.

“De modo que eu tenho esperança que, após esse julgamento, esse passado de intolerância, de agressividade possa ficar para trás. E que a gente recupere um senso de integridade, civilidade, em que as pessoas que pensam de maneira diferente possam sentar à mesa e discutir as suas ideias sem agressão, sem desqualificação, sem intolerância. Acho que estamos precisando disso no Brasil”, acrescentou.

Nesta quinta (14) o tribunal condenou os primeiros três réus que participaram dos ataques a penas de até 17 anos de prisão, em julgamentos iniciados na quarta (13).

Em discurso nesta mesma linha, Barroso, que recebeu o Grande Colar da Medalha de Mérito do Ministério Público do estado, a principal honraria da instituição, fez um discurso sobre a necessidade de pacificação do país.

“O mundo todo viveu um momento de certa perda de credibilidade da democracia. E o Brasil não escapou desse processo histórico. Essa onda extremista, às vezes às esquerda, às vezes à direita, que aconteceu no mundo, ela surge, ela flui, pelos desvãos da democracia”, analisou.

Tanto aos jornalistas como no discurso, Barroso não citou o governo ou o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Acho que a palavra de ordem no Brasil hoje deve ser pacificação. A gente tem que derrubar muros e voltar a reconstruir muitas pontes que foram destruídas pela intolerância e pelo radicalismo”, disse.

Para o ministro, “visões diferentes de mundo sempre existirão e é bom que seja assim”.

“Essa é uma missão muito importante da nossa geração no momento atual. Voltar a viver com integridade para que possamos criar espaços comuns na vida mesmo entre os que pensam diferente.

Hoje é o Dia Internacional da Democracia, que sempre merece ser celebrada” lembrou.

Barroso disse ser necessário acabar com os discursos de “nós e eles”.

“Ninguém é dono da verdade, ninguém é dono do bem, ninguém é dono da virtude. Nós precisamos acabar com o discurso de nós e eles. Numa democracia somos todos nós e o barco é um só. Se afundar ele afunda para todo mundo”, afirmou.

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