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Política & Poder

Janaina critica anúncio de expurgo de bolsonaristas do PSL e promete reação

O MBL, que apoiou Bolsonaro no segundo turno de 2018, hoje faz oposição ao presidente

Redação Jornal de Brasília

02/07/2021 11h56

Fábio Zanini
FolhaPress

A promessa da nova direção do PSL paulistano de expurgar apoiadores do presidente Jair Bolsonaro jogou o partido numa crise. A primeira a reagir foi uma das parlamentares de maior visibilidade da sigla, a deputada estadual Janaina Paschoal.

Do alto de seus mais de 2 milhões de votos obtidos em 2018, Janaína insurgiu-se contra a iniciativa do partido, revelada pela Folha de S.Paulo, de expulsar o vereador da capital paulista Rinaldi Digilio e a deputada estadual Letícia Aguiar.

Esse movimento ganhou corpo com o projeto de tornar o partido a nova casa do MBL (Movimento Brasil Livre), que ficou sem clima no Patriota após a chegada de bolsonaristas.

O primeiro a trocar de legenda foi o vereador Rubinho Nunes, ligado ao movimento, que puxou para si a missão de executar as expulsões. O MBL, que apoiou Bolsonaro no segundo turno de 2018, hoje faz oposição ao presidente.

Digilio e Aguiar, além de bolsonaristas, têm outra coisa em comum: defendem a aprovação de um projeto de lei que prevê o estímulo à abstinência sexual de adolescentes, chamado Escolhi Esperar. Esse foi o ponto que mais incomodou Janaína, que também defende a iniciativa.

“Sempre defendi essa pauta! Vão me expulsar também? Com todo respeito ao vereador Rubens não se chega na casa dos outros gritando!”, tuitou a deputada, em defesa dos colegas ameaçados de expulsão.

Janaina também abordou o assunto durante uma sessão virtual da Assembleia Legislativa, na última quarta-feira (30). Ela revelou que foi sua a ideia de sugerir que Aguiar apresentasse o projeto sobre a abstinência em âmbito estadual, porque estão de acordo com os valores conservadores que as duas defendem.

“Esses valores, concorde-se com eles ou não, elegeram essa bancada. Esses valores estão na base dos meus 2 milhões de votos”, declarou.

A deputada disse que deu aval à entrada do MBL no partido, mas não para que fizesse esse tipo de expurgo. “Não compreendo que esse partido traga o MBL para dentro e no dia seguinte o vereador do MBL dizer que vai expulsar ‘a’ ou vai expulsar ‘b’ por defender os valores que nos elegeram”, afirmou.

Subindo o tom, Janaina deu a entender que haverá resistência caso o processo de expulsão dos parlamentares prossiga. “Se vão expulsar a deputada [Aguiar], vão ter que me expulsar também. É melhor que expulsem Janaina também, ou o negócio vai ficar grave”, afirmou.

A expulsão de Digilio e Aguiar é apenas o início de um processo definido como “limpeza” do PSL, que posteriormente deve chegar a peixes mais graúdos, como os deputados federais Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro.

A ideia é preparar a legenda para a entrada de outros representantes do MBL, como o deputado federal Kim Kataguiri e o estadual Arthur do Val, que disputará o governo de São Paulo.

Como mostra a reação de Janaina, a tarefa não será simples. Internamente, a deputada, que se reaproximou de Bolsonaro após flertar com a oposição, tem estatura e influência sobre dirigentes partidários e colegas de bancada (muitos dos quais devem seus mandatos à expressiva votação que ela obteve). A briga promete ser longa.

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