Menu
Política & Poder

Greves expõem o apagão de gestão do governo Rollemberg

Arquivo Geral

11/10/2016 7h00

Josemar Gonçalves

Um ano. É o tempo que os servidores do DF esperam para receber os reajustes salariais. Na prática, o governador Rodrigo Rollemberg descumpre, sem hesitar, as leis que concedem aumento a 32 categorias. Desde o ano passado, com a iminência de greves – assim como este ano – o secretário-chefe da Casa Civil disse que o governo precisava aumentar a arrecadação para conseguir honrar os aumentos. Quase 400 dias se passaram e o governo continua com o mesmo discurso: não tem dinheiro para pagar os servidores.

A decisão da equipe de governo deve ser anunciada somente na sexta-feira, data em que é fechada a folha de pagamento de outubro. A não ser que ocorra um milagre, o Palácio do Buriti deve dizer que vai adiar o cumprimento das leis e o consequente pagamento dos reajustes.

As consequências da falta de habilidade do governo – e da equipe dele – já são sentidas na pele pela população do DF, assim como explica o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindepo-DF), Rafael Sampaio, que reclama da falta de vontade da atual gestão de discutir com policiais civis as demandas da categoria: “Enquanto isso, observamos os índices de criminalidade explodindo. Mesmo assim, parece que o governo não está sensível”, observa.

O Distrito Federal está parado, conforme pontua o delegado sindicalista. “É um reflexo da paralisia do próprio governo, que tem demonstrado inabilidade enorme com as categorias e com as contas públicas”, ele diz. “Isso é muito grave e quem sofre é a população”, completa.

Prioridades

Na opinião do delegado, o governo prioriza outros pagamentos, em detrimento das demandas dos servidores. “Só não há dinheiro para o que ele não considera prioridade”, observa Rafael Sampaio. “A gente vê com muito sofrimento tudo isso e esperamos uma mudança de postura”, finaliza.

As categorias da Polícia Civil não estão inclusas nas 32 que aguardam o pagamento dos reajustes. Eles reivindicam a recomposição de perdas salariais da categoria, com a manutenção da paridade com a Polícia Federal.

“Sobrevivendo à crise”

Desde que tomou posse, a atual gestão tenta aumentar a arrecadação, com o reajuste de impostos. Ao Jornal de Brasília, o secretário-chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio disse, nesta semana, que, diante do cenário nacional e dos estados, o DF tem avançado. “Tanto é que poucos têm pago os salários em dia”, destaca. Para ele, não é motivo para se vangloriar, embora isso demonstre que “estamos conseguindo sobreviver à crise”.

Em entrevista ao JBr, em 28 de agosto de 2015, Sampaio disse que o aumento da arrecadação seria o ponto principal para que os reajustes fossem pagos e o DF conseguisse reequilibrar as contas. E colocou a correção das tabelas do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) como prioridade do governo. “Comparado com cidades que têm características parecidas com a nossa, é irrisório o que nós arrecadamos. A base de cálculo do IPTU está muito defasada”, disse, à época.

Ocorre que o projeto foi enviado à Câmara Legislativa e solenemente rejeitado pelos parlamentares. E agora deve voltar a ser discutido na Casa. Os deputados – incluindo os da base – já sinalizaram que não devem aprovar a proposta, cujos resultados seriam sentidos somente no fim do primeiro semestre de 2017.

As assessorias de imprensa das secretarias de Fazenda e da Casa Civil informam que o reajuste das tabelas do IPTU – nem do ano passado, nem deste – resolveriam o problema financeiro, mas “ajudariam” a amenizá-lo.

E o discurso permanece o mesmo. Para o secretário, as consequências do pagamento dos aumentos aos servidores podem ser drásticas. “Não podemos conceder um reajuste e não conseguir pagar os salários”, ressalta.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado