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Política & Poder

Governo Lula prepara comitiva para acompanhar seca histórica do rio Madeira

A ordem da viagem foi dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se recupera no Palácio da Alvorada de uma cirurgia no quadril

Redação Jornal de Brasília

02/10/2023 20h07

Foto: Reprodução/Rede Amazônica

CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O governo Lula (PT) vai enviar na quarta-feira (4) uma comitiva de ministros para visitar o rio Madeira, que sofre com uma seca histórica que fez a usina Santo Antônio, em Rondônia, interromper temporariamente a geração de energia.

A ordem da viagem foi dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se recupera no Palácio da Alvorada de uma cirurgia no quadril. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi escalado para acertar os detalhes da viagem.

A comitiva contará com ministros, como Alexandre Silveira (Minas e Energia) e José Múcio Monteiro (Defesa), e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. O avião da FAB (Força Aérea Brasileira) sairá por volta de 6h da manhã da quarta, com retorno programado para o início da noite.

O rio Madeira banha os estados de Rondônia e Amazonas. É um dos principais afluentes do rio Amazonas, com mais de 3.000 km de comprimento.

A seca histórica que atingiu o rio Madeira rebaixou o nível de água a 1,43 metros nas últimas semanas, segundo a Defesa Civil.

Por causa da seca, a usina Santo Antônio -a quarta maior hidrelétrica do país- interrompeu temporariamente nesta segunda-feira (2) a geração de energia devido à baixa vazão do rio Madeira. É a primeira vez que a usina é desligada por falta de chuvas.

A decisão foi tomada em conjunto com autoridades do setor elétrico e atende a limites de operação segura da usina, que tem potência instalada de 3.300 MW (megawatts). “O desligamento visa preservar a integridade das unidades geradoras da hidrelétrica”, disse, em nota, a Saesa (Santo Antônio Energia).

O desligamento reforça alertas de especialistas sobre os impactos da seca na região Norte para o setor elétrico brasileiro. No rio Madeira, as vazões registradas atualmente equivalem a cerca de 50% da média histórica, segundo a Saesa.

Ocorre também num momento em que a usina nuclear Angra 2, com elevada capacidade de geração, está fora do ar para reabastecimento de combustível. A usina Santo Antônio, porém, costuma contribuir menos para o sistema nesta época do ano, devido à seca na região.

Na quinta-feira (28), por exemplo, gerou 703 MW (megawatts) médios, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O valor corresponde a 0,01% da geração total de energia no SIN (Sistema Interligado Nacional) naquele dia.

O desligamento de Angra 2 em meio à onda de calor das últimas semanas fez o preço da energia no mercado livre disparar no fim da semana passada. Na quinta, o PLD (Preço de Liquidação de Diferenças) bateu R$ 259,11 por MWh (megawhatt-hora), após meses no piso de R$ 69,04.

Os impactos de curto prazo ainda são vistos como limitados e concentrados na indústria, mas o setor avalia que a alta é um sinal importante num cenário em que o fenômeno El Niño pode provocar seca nos rios da Amazônia e que, eventualmente, vai bater nos contratos de negociação de energia por indústrias.

A Saesa diz que a suspensão das operações de Santo Antônio foi alinhada com o ONS, a ANA (Agência Nacional de Águas) e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e que não impacta o fluxo natural do rio.

“Mesmo nesta condição, o rio Madeira permanecerá seguindo seu curso natural, com passagem da vazão concentrada no vertedouro principal da usina, sem qualquer impacto em seu fluxo natural”, afirmou.

A hidrelétrica já havia suspendido as operações em 2014 por causa da cheia no rio Madeira. Outra grande usina no mesmo rio, Jirau, segue em operação.

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