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Política & Poder

Governo e Prevent Senior fizeram pacto para promover a hidroxicloroquina, diz advogada

Bruna Morato, que representa médicos da Prevent Senior, afirmou que o governo trabalhava junto à empresa na promoção da hidroxicloroquina

Willian Matos

28/09/2021 12h20

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A advogada Bruna Morato, que representa médicos da empresa de planos de saúde Prevent Senior, disse à CPI da Pandemia nesta terça-feira (28) que o governo federal, por meio do Ministério da Economia, fez uma espécie de pacto para promover a hidroxicloroquina para evitar o isolamento social contra a covid-19 no início da pandemia, em abril do ano passado. O medicamento não é eficaz para prevenir e nem combater a doença, afirma a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Bruna Morato relembrou que o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fazia críticas à Prevent Senior à época e que diretores da operadora estavam incomodados com a situação. “Por conta das constantes críticas que o ministro Mandetta vinha fazendo com relação à operadora de saúde Prevent Senior, a Direção Executiva tinha que tomar uma atitude. Qual foi esta atitude? Num primeiro momento, foi tentar se aproximar do Ministério da Saúde através de um médico que era familiar ou vinculado ao ministro Mandetta”, explicou a advogada.

De acordo com a defensora, essa aproximação não funcionou. Neste momento, aparecem no radar da Prevent o Ministério da Economia e o chamado “gabinete paralelo”. “O ministro Mandetta não deu essa abertura, fazendo com que eles procurassem outras vias. Segundo informações, o Dr. Pedro [Pedro Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent Senior] foi informado que existia um conjunto de médicos assessorando o governo federal e que esse conjunto de médicos estria totalmente alinhado com os interesses do Ministério da Economia”, afirmou.

“O que me explicaram foi o seguinte: existe um interesse do Ministério da Economia para que o país não pare e, se nós entrarmos nesse sistema de lockdown, nós teríamos um abalo econômico muito grande. Então, existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo”, revelou Bruna Morato. Em seguida, a advogada elencou os médicos deste conjunto alinhado com o Ministério.

“Como a pandemia estava fazendo com que existissem muitas repercussões a respeito do risco de você sair na rua, eles se desenvolveram uma estratégia através do aconselhamento de médicos. Estes médicos eu posso citar também de forma nominal, porque me foi dada essa explicação: era o doutor Anthony Wong, toxicologista responsável por desenvolver um conjunto medicamentoso atóxico; a doutora Nise Yamaguchi, especialista em imunologia que deveria disseminar informações a respeito da resposta imunológica das pessoas; o virologista Paolo Zanotto, para que ele falasse a respeito do vírus e tratasse a receita dessa situação de forma mais abrangente, evocando notícias.”

Segundo Bruna, a Prevent Senior participaria deste acordo para colaborar com estes médicos e, por consequência, com o Ministério da Economia com o objetivo de promover a hidroxicloroquina e evitar o isolamento social. “É como se fosse uma troca, a qual nós chamamos na denúncia de pacto, porque assim que foi me dito. Alguns médicos descreveram como aliança, outros médicos descreveram como pacto.”

“Havia um interesse inicial vinculado ao Governo Federal de que o Brasil não parasse, o Brasil não podia parar. Eles estavam extremamente preocupados com a possibilidade de um lockdown. Por conta disso, as informações que foram levadas aos médicos em uma reunião promovida pela instituição [Prevent Senior foi a seguinte: que existiria uma colaboração com relação à instituição Prevent Senior na produção de informações que convergissem a essa teoria, ou seja, de que é possível você ter ou de você utilizar um determinado tratamento como proteção”, contou Bruna.

A defensora explicou que o termo para o trabalho produzido pela Prevent Senior mudou de “tratamento preventivo” para “tratamento precoce”. “No começo se chamava tratamento preventivo. Depois com o desenvolver dos estudos, entendeu-se que não era preventivo, e que na verdade, era um tratamento precoce, porque não existe prevenção”, elucida.

Bruna falou dos perigos que aquela medida representava àquela altura. fala dos perigos “A população no geral, quando escuta a palavra prevenção, se encoraja a sair na rua, porque ela acha que se tomar esse conjunto de medicamentos, ficará imune de algum modo e tem coragem de sair. Ao sair, ela se expõe ao vírus. Ainda que doentes, segundo informações que me foram passadas, as pessoas teriam a esperança de que não iriam falecer daquilo. A esperança se chamava, naquele momento, hidroxicloroquina”.

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