Menu
Política & Poder

General ironiza manifestação pró-Marielle: “se vive, por que não se apresenta?”

Arquivo Geral

31/01/2019 18h48

Eric Zambon
[email protected]

Candidato ao Governo do DF nas eleições de outubro de 2018, o general Paulo Chagas (PRP) fez uma brincadeira sobre uma manifestação a respeito da morte da vereadora Marielle Franco. “Vi uma pichação que dizia: ‘Marielle vive!’. Aí eu pergunto: se vive, por que não se apresenta, para acabar logo com essa churumela?”, escreveu, nesta quarta-feira (30), o militar reformado.

O curioso é que, quando procurado, o general reconheceu a gravidade do assassinato e ainda afirmou que “sem dúvidas, foi um crime político”. Mesmo assim, ele demonstrou contrariedade com a lógica da manifestação. “Achei o tipo de mensagem sem nexo. Por que ela vive se todos sabem que ela morreu?”, questionou. “Temos que torcer para que os criminosos sejam presos, mas remoer para que?”, complementou.

Chagas se disse desgostoso com a repercussão em cima do caso. Para ele, o foco na morte da vereadora minimiza uma situação geral ainda mais grave. “Assim como esse caso existem vários outros. A polícia é deficiente nessa questão, porque só 9% dos casos assim são resolvidos. Parece até que o crime compensa”, ironizou, retornando a uma das plataformas políticas usadas durante sua campanha eleitoral.

O general Paulo Chagas (PRP) foi uma das surpresas na corrida pelo Governo do DF, nas eleições de outubro de 2018. Com uma campanha enxuta, obteve mais de 110 mil votos e foi o quarto mais votado dentre os 11 candidatos. Seu apoio precoce a Jair Bolsonaro (PSL), presidenciável que obteve quase 70% dos votos válidos de segundo turno em Brasília, foi um dos trunfos na campanha, mas a afeição do militar reformado pela polêmica também.

Durante a sabatina do portal Metrópoles, por exemplo, pouco antes do primeiro turno de votações, o militar foi perguntado a respeito do assassinato da população negra. A resposta foi a seguinte: “Se os negros são os que mais morrem, são também os que mais matam”.

Quase um ano

A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi assassinada a tiros em 14 de março de 2018 junto ao motorista Anderson Pedro Mathias Gomes. As duas vítimas e uma assessora da política, que sobreviveu, trafegavam pela Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central da cidade do Rio de Janeiro, por volta das 21h30, quando um carro teria se aproximado e seus ocupantes teriam efetuado nove disparos de arma de fogo. Quatro acertaram a cabeça de Marielle.

O crime, tratado como execução pela Polícia Civil carioca, ainda não foi elucidado, mas no último dia 22 as autoridades prenderam cinco suspeitos, todos ligados a uma milícia com atuação na zona oeste do Rio. Existem vínculos entre os apreendidos e ex-policiai militares e até ex-parlamentares.

Não foi o primeiro

Em abril do ano passado, o deputado federal Alberto Fraga (DEM), outro que disputou, sem sucesso, a corrida pelo Buriti em 2018, compartilhou notícias falsas sobre Marielle. O partido da vereadora, o PSOL, entrou com representação do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para pedir a cassação do parlamentar, mas o processo foi arquivado.

Fraga, também pelo twitter, reverberou um boato sobre a política assassinada ter tido um filho com o traficante conhecido como Marcinho VP.O link publicado pelo deputado ainda sugeria que Marielle foi eleita com apoio da facção criminosa Comando Vermelho.

 

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado