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Política & Poder

Ex-chanceler de Lula se reúne com dezenas de embaixadores e fala sobre eventual governo

A reunião com Celso Amorim desta quinta sucede um encontro do ex-presidente Lula com o chefe da embaixada dos Estados Unidos no Brasil

FolhaPress

22/09/2022 17h21

Foto: Ricardo Stuckert

Mônica Bergamo
São Paulo, SP

O ex-chanceler Celso Amorim, um dos principais conselheiros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos externos, se reuniu nesta quinta-feira (22) com cerca de 20 embaixadores da América Latina e Caribe para tratar de temas que podem ser explorados em um eventual governo do petista.

O encontro foi celebrado em Brasília, na casa da embaixadora de Barbados, Tonika Sealy Thompson. Infraestrutura, comércio e integração entre os países foram alguns dos assuntos discutidos pelos diplomatas, que integram o Grupo de Países da América Latina e Caribe (Grulac). Foi deles que partiu o convite para Amorim.

“É importante conversar com os latino-americanos para saber quais são as reivindicações, os anseios e até para formar a própria cabeça”, afirma o ex-chanceler à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

“[Em vez] de falar de rivalidade, os países todos, incluindo os grandes, sentem necessidade do Brasil para que a voz da América Latina seja ouvida. Estamos, talvez, vivendo o momento mais perigoso dos últimos 70 anos”, continua Amorim, citando a guerra na Ucrânia e a emergência climática. “Tudo isso exige cooperação.”

Estiveram presentes embaixadores de países como Argentina, México, Uruguai, Equador, Paraguai, Colômbia, Bolívia e Haiti. Segundo o ex-ministro das Relações Exteriores, em nenhum momento foram levantadas diferenças entre países comandados por líderes posicionados à esquerda ou à direita.

“A gente falou dos problemas comuns e de uma política de integração plural. Queremos [uma união] em benefício dos povos e do conjunto de países”, afirma o ex-chanceler. “Um dos presentes falou que é importante a fortalecer a democracia na região”, destaca.

Como prova do entrosamento entre aqueles que pensam diferente, Amorim lembra que o título de seu mais novo livro, “Laços de Confiança: O Brasil na América do Sul” (editora Benvirá), nasceu a partir de uma reunião com o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, que é de direita.

“Você vê o [presidente dos Estados Unidos, Joe] Biden falando em mudar o Conselho de Segurança [da ONU], a governança mundial. Qual será a voz da América Latina? Temos que estar unidos”, afirma Amorim.

Em declarações recentes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou alguns de seus homólogos latino-americanos. Durante o debate entre os candidatos à Presidência promovido por Folha de S.Paulo, UOL e TVs Band e Cultura em agosto, o mandatário acusou o presidente do Chile, Gabriel Boric, de ter “queimado metrôs” em protestos.

Na mesma ocasião, o presidente da República fez ataques a outros líderes de esquerda da América Latina para defender sua reeleição em detrimento do candidato do PT à Presidência, seu principal adversário.
“Lula também apoiou o presidente do Chile, o mesmo que praticava atos de tacar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo nosso Chile?”, disse Bolsonaro.

A reunião com Celso Amorim desta quinta sucede um encontro do ex-presidente Lula com o chefe da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, o encarregado de negócios Douglas Koneff, ocorrido na quarta-feira (21), em São Paulo.

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