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Política & Poder

Equipe de Lula exclui agentes de Heleno de segurança da transição

A equipe de segurança do presidente eleito Lula da Silva (PT) descartou a participação do GSI no local que abriga o escritório de transição

FolhaPress

10/11/2022 10h50

JULIA CHAIB
BRASÍLIA, DF

A equipe de segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), coordenada por integrantes da Polícia Federal, descartou a participação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no local que abriga o escritório de transição de governo.
O GSI é um órgão ligado à Presidência da República e, atualmente, é comandado pelo general Augusto Heleno -um dos ministros mais próximos de Jair Bolsonaro (PL).

Na segunda (7), policiais federais que compõem a equipe de segurança do petista foram surpreendidos com a chegada ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de cerca de mais de 30 agentes do GSI. O CCBB é a sede do governo de transição.

Questionados pela segurança de Lula, os agentes do GSI afirmaram que estavam no local para ajudar no esquema de proteção.

O comando da equipe do petista conversou com os integrantes do GSI e informou que não seria necessária a permanência deles, especialmente nas áreas em que o presidente eleito frequentará.

Segundo pessoas com conhecimento do episódio disseram à Folha de S.Paulo, a conversa foi de “bom nível”.

De acordo com a lei, o GSI não participa da segurança do presidente eleito e passa a atuar somente após a posse. Mas o gabinete pode ser acionado em caso de necessidade, sempre a pedido da equipe do vencedor do pleito -o que não ocorreu.

De acordo com relatos de fontes da PF, o Gabinete de Segurança Institucional atuou na transição do ex-presidente Michel Temer (MDB) para Bolsonaro, em 2018. Portanto a pasta teria entendido que o modelo se repetiria neste ano. O GSI foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.

De acordo com pessoas ligadas a Lula, os servidores do GSI serão chamados para integrar o grupo de segurança antes da posse, caso haja necessidade.

A proteção do petista é um tema que preocupa aliados desde a campanha presidencial. Ainda no início do ano, integrantes do partido pediram a Lula que ele evitasse viagens e escolhesse a dedo as agendas presenciais que faria -algo que não foi atendido pelo então candidato.

O receio de que ele sofresse um atentado foi constante durante a campanha e se mantém após a eleição.

Sem o GSI, Lula seguirá com a mesma equipe de segurança que o acompanhou durante a corrida presidencial. Fazem parte do time agentes treinados pelo GSI –algo que ele tem direito por ser ex-presidente- e os policiais federais que trabalham na proteção de presidenciáveis.

No CCBB, a segurança terá direito a duas salas. Há ainda um planejamento específico para onde Lula estiver.

O delegado da Polícia Federal Andrei Passos, que coordena a segurança do presidente eleito, afirmou na segunda-feira (7) que conversou com o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Ferreira, e que monitora os protestos de bolsonaristas contrários ao resultado da eleição.

“Ação é preventiva sempre, de precaução, que a gente faz sempre que o presidente estiver aqui”, afirmou o delegado. Passos foi responsável pela proteção de Lula durante a campanha.

Como revelou a Folha em abril, a facada que Bolsonaro tomou em 2018 e a perspectiva de uma disputa acirrada entre ele e Lula levaram a PF a reforçar o esquema de segurança dos candidatos à Presidência.

Até 2018, a PF fazia a segurança dos candidatos com base em lei e portaria sucinta do Ministério da Justiça, que tratava genericamente da necessidade de a corporação proteger aqueles que disputassem o Palácio do Planalto.

Neste ano, a polícia editou instrução normativa específica para a segurança dos candidatos com diretrizes que deveriam ser seguidas pelos agentes e com recomendações claras aos políticos que vão concorrer.

Nesta campanha, a PF avaliou o perigo e definiu o tipo e o tamanho de equipe que foi colocada à disposição dos presidenciáveis seguindo uma escala de risco que ia de 1 a 5. Lula e Bolsonaro foram classificados com o risco máximo.

Outra medida prevista na instrução normativa estipulou que os candidatos avisassem suas agendas com 48 horas de antecedência para que os policiais pudessem analisar a periculosidade de cada evento e fizessem varreduras nos locais quando necessário.

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