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Política & Poder

Eleitores de Lula votam contra a pobreza e as discriminações

“A gente quer se organizar em nome da solidariedade e do amor. Bolsonaro é o anti-amor. A gente precisa de amor, afeto, alegria”, diz Jonathan Raymundo

Redação Jornal de Brasília

06/09/2022 10h48

Foto: Ricardo Stuckert

Os eleitores do ex-presidente Lula (2003-2010), que tentará voltar ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro pelo PT, esperam que ele faça do combate à pobreza e à discriminação suas prioridades, segundo depoimentos colhidos pela AFP em Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.

O carioca Jonathan Raymundo, cansado de racismo

“A gente não aguenta mais. Os dados da violência contra a mulher, negros, contra a comunidade LGBTQIA+ nesse país são alarmantes. A gente quer se organizar em nome da solidariedade e do amor. Bolsonaro é o anti-amor. A gente precisa de amor, afeto, alegria”, diz Jonathan Raymundo, um homem negro de 33 anos com os cabelos tingidos de rosa.

“A maior autoridade do país faz piada dizendo que os pretos pesam arroba (unidade de medida da época da escravidão), que uma mulher não merece ser estuprada porque é feia, ou que não vai ser coveiro diante das mortes por covid”, indigna-se o produtor cultural, que fundou em 2018 o Wakanda in Madureira”, um festival cultural afro-brasileiro inspirado no país fictício do Pantera Negra, super-herói da Marvel. O evento é realizado a cada dois meses no popular bairro da zona norte do Rio.

“O Brasil está numa nova encruzilhada, oportunidade de se tornar o que sempre diz que vai se tornar: um país grande. E isso só vai acontecer se for capaz de absorver nas suas esferas de poder a diversidade racial”, afirma Raymundo.

Ele acredita que o Partido dos Trabalhadores (PT) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 76 anos, trouxe “avanços fundamentais e civilizatórios”, ainda que lamente a não renovação das elites políticas: “agora não há escolha, é Lula presidente”.

Messias Figueiredo e o “nanotrio” pró-Lula

O professor de informática Messias Figueiredo é uma figura conhecida nos protestos da esquerda em Salvador. Identificável por sua boina e óculos retangulares, empurra para onde quer que vá um mini trio elétrico, que ele criou e chama de “nanotrio”.

“É um instrumento de luta política pacífica”, explica o homem de 56 anos que transmite canções e mensagens pró-Lula.

Segundo ele, o ex-metalúrgico “possibilitou que milhões de brasileiros saíssem da pobreza” e seus dois “governos foram os melhores da história do Brasil”.

Lula é seu escolhido, sobretudo, por ser “um nordestino, e o Nordeste sempre foi uma região relativamente atrasada em relação ao resto do Brasil. Uma região que tinha poucos investimentos públicos, indústria pouco desenvolvida, pobreza”.

Se vencer as eleições presidenciais, o primeiro desafio de Lula será “tirar o povo da fome”.

Lula “já se mostrou muito competente para dirigir esse país”, grita no alto-falante, enquanto anda com o nanotrio pelas ruas, e “ninguém aguenta mais esse governo fascista, genocida e desumano”.

Messias Figueiredo acusa o governo Bolsonaro de ter “devastado” o meio ambiente e “massacrado” os indígenas.

Aline Xavier, sindicalista que deve tudo a Lula

“Não há outra possibilidade a não ser o Lula para recuperar o nosso país e a nossa esperança”, afirma Aline Xavier, de 33 anos, nascida na periferia de São Paulo.

Para esta funcionária pública da saúde, dirigente de um sindicato de trabalhadores municipais, o PT é sua “ideologia de vida”.

O partido cofundado por Lula em 1980 a ajudou a “chegar aonde posso chegar e não ser excluída por ser mulher, por ser preta, por ser a minoria dessa sociedade”.

Formada em uma escola pública inaugurada no governo do PT, Aline Xavier acredita “em tudo o que Lula faz” e repudia “as políticas neoliberais do atual governo, os ataques aos direitos dos trabalhadores e a intolerância com as minorias”.

Casada, mãe de uma adolescente de 15 anos e grávida do segundo filho, ela está convencida de que o líder de esquerda vai liderar mais uma vez um “governo que entra nas periferias, que dá oportunidade para o preto, para o pobre, para a mãe trabalhadora, para a mãe solo, é o governo que reconhece que só pode ter meritocracia quando há igualdade para todos”.

© Agence France-Presse

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