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Política & Poder

Dono do PROS se desfaz de bens avaliados em R$ 50 milhões

Duas carretas Scania foram flagradas retirando equipamentos adquiridos com recursos do fundo partidário da gráfica do partido em Planaltina-GO

Redação Jornal de Brasília

07/03/2022 17h43

Por Tereza Neuberger
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A quatro dias de receber a sentença relacionada ao processo da presidência nacional do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), Euripedes Junior, fundador e presidente do partido, foi acusado de se desfazer de bens adquiridos com recursos do fundo partidário. Parte dos bens avaliados em cerca de R$50 milhões foram flagrados sendo retirados da gráfica do partido.

O boletim de ocorrência foi registrado na delegacia de Planaltina de Goiás, região onde está sediada a gráfica do partido. Além de retirar todos os equipamentos do parque gráfico, Euripedes Junior também está sendo acusado de se desfazer de dez veículos, um helicóptero Robinson R66, computadores, equipamentos de energia solar e móveis, totalizando uma fortuna em dinheiro.

A retirada dos materiais da gráfica do partido foi realizada na calada da noite, por volta das 23h da última sexta-feira (04). Nos vídeos aos quais o Jornal de Brasília teve acesso com exclusividade é possível ver no local duas carretas Scania, uma já carregada e outra ainda no processo de carregamento. De acordo com a denúncia, os materiais teriam como destino o estado de São Paulo.

A hipótese do que teria motivado o presidente do PROS a dar fim nos referidos bem, é um possível receio de que possa perder o processo relacionado à presidência nacional do partido que terá sua sentença final na próxima terça-feira (08) com o julgamento na 8ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). No processo, Marcus Vinícius de Holanda, reivindica a presidência do partido.

A denúncia foi feita por Marcus Vinícius de Holanda, que constatou não haver mais equipamentos no local em que a gráfica deveria funcionar. A defesa de Eurípedes rechaçou a denúncia, dizendo que a retirada estava prevista por determinação legal e desautorizou Holanda por não possuir “qualquer legitimidade para registrar ocorrência ou exigir qualquer informação, posto que sequer é filiado ao Partido”.

Em nota o PROS afirma que Marcus Vinicius Chaves de Holanda, é o legítimo Presidente Nacional do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), eleito em Convenção Nacional realizada em 09/07/2020, de forma legal. “Marcus Holanda é filiado ao PROS desde setembro de 2016, sendo absolutamente ilegal sua desfiliação, afirma a nota.

Histórico de desvios

O partido passou a receber, em 2014, cerca de R$ 17 milhões por ano, quando elegeu 11 deputados. O valor vem do fundo que custeia as despesas de partidos políticos, e foi concedido ao partido. Em janeiro de 2020 o presidente do Pros chegou a ser destituído do cargo sob acusação de desviar recursos dos fundos partidário e eleitoral, financiados com verba pública, além de lavagem de dinheiro. A decisão foi tomada pelo próprio partido em reunião do Diretório Nacional.

De acordo com o partido, desde 2016, Euripedes Junior era acusado de irregularidades no uso de recursos públicos destinados ao partido. A sigla relatou que, no começo de 2019, investigações da Polícia Federal indicaram desvios de mais de R$ 5 milhões, que deveriam ser destinados inicialmente às campanhas de candidatos do PROS.

Em outra ocasião a Polícia Civil do Goiás (PCGO) também teria apontado a participação do presidente afastado em novos desvios de recursos, além de lavagem de dinheiro. No documento, os integrantes da legenda acusaram Euripedes Junior de realizar uma “gestão patrimonialista”, com a compra de um helicóptero por R$ 2,4 milhões e imóveis adquiridos com recursos do Fundo Partidário. À época, a defesa de Euripedes Junior afirmou que as acusações seriam fruto de manobras políticas e informou que ele continuava na presidência do partido.

Em outubro de 2018, no âmbito de uma operação da Polícia Federal, o então presidente do partido, teve um mandado de prisão expedido contra si, que apurou desvio de mais de R$ 2 milhões da prefeitura de Marabá, no Pará. Euripedes aproveitou o período de eleições e ficou foragido por 5 dias. Após esse período ele se apresentou à polícia dentro do prazo em que a lei eleitoral proíbe prisões. Pois a lei não permite prisões, a não ser em flagrante ou por condenação de crime inafiançável, 5 dias antes do segundo turno e 2 dias depois de encerrada a votação

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