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Política & Poder

Disputa ao Senado em SP tem Janaina sem tempo de TV e direita fragmentada

Na esquerda, a pendência de um ou uma vice para Haddad também impacta a corrida ao Senado, apesar de a candidatura estar consolidada

FolhaPress

27/07/2022 13h44

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Artur Rodrigues, Carlos Petrocilo e Carolina Linhares
São Paulo, SP

A 10 dias do fim do prazo para a realização das convenções partidárias, a disputa pelo Senado em São Paulo tem a deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB) isolada e sem tempo de TV e um cenário de fragmentação na direita, com um leque de postulantes bolsonaristas, e indefinição nos partidos ao centro.

Enquanto isso, à esquerda, Márcio França (PSB) segue com o caminho mais desimpedido em relação aos rivais, apesar do impasse com o PSOL, que ameaça lançar uma candidatura própria ao Senado.

França vai concorrer com o apoio de Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao Governo de São Paulo que lidera as pesquisas.

Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) estão empatados em segundo lugar, de acordo com o Datafolha.

Tarcísio, ex-ministro e candidato de Jair Bolsonaro (PL), anunciou o ex-astronauta Marcos Pontes (PL) como seu candidato ao Senado. Já o governador paulista, que busca a reeleição, tem sua chapa em aberto, com disputa entre aliados pelos postos de vice e de candidato ao Senado.

A desistência do apresentador José Luiz Datena (PSC), que concorreria na chapa de Tarcísio, abriu espaço para outros nomes considerados competitivos, como França e Janaina.

Deputada estadual eleita em 2018 com 2 milhões de votos, Janaina, porém, não alcançou o objetivo de figurar como a única opção bolsonarista em São Paulo. Com isso, deve encontrar a disputa interditada entre candidatos do campo conservador.

Além disso, seu partido, o PRTB, não superou a cláusula de barreira, e a deputada terá que fazer campanha sem acesso à propaganda na rádio e na TV. Janaina conta com outros modos de divulgação.

“Pretendo fazer uma campanha simples, como fiz em 2018. Espero que os veículos de comunicação promovam debates”, disse à Folha.

Ela disse que buscou construir uma unidade na direita conservadora em torno de seu nome e relatou ter sido pressionada a desistir justamente para unir o campo bolsonarista, mas reafirmou sua candidatura.

“A divisão revela falta de inteligência. A esquerda está concentrada. Me apresentei primeiro como pré-candidata e estou pontuando mais. O ponto é que não querem uma pessoa independente no Senado”, diz Janaina.

As críticas de Janaina a Bolsonaro a afastaram dos bolsonaristas e seria difícil contornar a resistência, segundo aliados de Tarcísio que acabaram preferindo o nome de Pontes. A campanha do ex-ministro, contudo, espera receber o apoio formal do PRTB. Janaina diz que isso não deve ocorrer:

Antes de escolher Pontes, a campanha de Tarcísio também avaliou lançar Carla Zambelli (PL), Marco Feliciano (PL), Paulo Skaf (Republicanos) e Ricardo Salles (PL) –mas a avaliação foi a de que parte deles não furava a bolha bolsonarista e parte sequer a satisfazia.

Além de Pontes e Janaina, o quadro de fragmentação na direita se completa com outros nomes bolsonaristas que se lançaram na disputa, como a médica pró-cloroquina Nise Yamaguchi (Pros) e a filha de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil (PTB).

O Pros, no entanto, integra a coligação de Rodrigo. O Podemos, que também apoia o governador, vai lançar o deputado estadual Heni Ozi Cukier ao Senado.

A chapa de Rodrigo segue incerta e há o risco de que não seja definida até a convenção, marcada para sábado (30).

O panorama de indefinição na centro-direita, com uma profusão de nomes cotados, tem como pano de fundo a disputa entre MDB e União Brasil pela vice de Rodrigo, o que afeta diretamente a corrida ao Senado -já que o posto para o Congresso tende a ser oferecido ao partido não contemplado com a vice.

Líderes do MDB reivindicam a indicação do vice com base em um acordo segundo o qual o partido teria essa vaga e a União Brasil teria a vaga do Senado. A União Brasil, por sua vez, não reconhece o acerto e indicou nomes tanto para a vice como para o Senado.

Na época dessa costura, Datena, filiado à União, seria candidato na chapa de Rodrigo, mas o apresentador se filiou ao PSC, migrou para Tarcísio e por fim desistiu, o que desarranjou a chapa tucana.

Na União Brasil, um nome visto com potencial para o Senado é o da mulher de Sergio Moro, Rosângela Moro -há também outras opções, como um dos caciques do partido, o vereador Milton Leite.

Já o MDB não tem quadros interessados no Senado. Rodrigo chegou a convidar o ex-presidente Michel Temer (MDB), que não topou.

Também correm por fora dois nomes do PSDB para o Senado -Fernando Alfredo, presidente do PSDB da capital, e José Aníbal, ex-senador e suplente do senador tucano José Serra.

“Fui muito bem acolhido pelos companheiros do partido [PSDB] para lançar a minha candidatura ao Senado, inclusive com apoio do atual senador José Serra”, disse José Aníbal.

Já em relação à vaga de vice, líderes do MDB querem emplacar Edson Aparecido, ex-secretário da Saúde paulistano. Outra opção, a ex-promotora Gabriela Manssur (MDB) vai ao encontro do anseio de Rodrigo de compor com uma candidata na busca por votos femininos.

“Estou à disposição do meu partido e do Rodrigo Garcia”, afirmou Manssur.

As cobranças feitas pelo MDB, sobretudo vindas do prefeito Ricardo Nunes (MDB), pela vaga de vice têm irritado Rodrigo e outros tucanos, o que desfavorece Aparecido.

Mais que isso, a União Brasil, que também pleiteia a vice, oferece à campanha do governador o dobro de tempo de TV que seus demais adversários.

Entre as opções da União Brasil para o posto está Henrique Meirelles, além de nomes ligados a Leite (como Geninho Zuliani, Alexandre Leite e o médico Claudio Lottenberg) e ligados ao PSL (como Antonio Rueda e Marcos Cintra).

Outra cotada para a vice é Renata Abreu (Podemos), que agrada o próprio governador.

Na esquerda, a pendência de um ou uma vice para Haddad também impacta a corrida ao Senado, apesar de a candidatura de França estar consolidada. O petista realizou sua convenção no último sábado (23) com a chapa indefinida.

A principal opção de vice do ex-prefeito, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) resiste à proposta e deve concorrer a deputada federal para ajudar o partido que fundou a superar a cláusula de barreira.

Com isso, a indicação deve vir do PSB. O ex-prefeito de Campinas Jonas Donizette segue como nome forte na sigla, onde também circulam opções como Marianne Pinotti (PSB), ex-secretária da Pessoa com Deficiência na gestão Haddad, e a professora Lúcia França, mulher de Márcio França.

O PSOL, contudo, chegou a pleitear a vaga de vice e tem alas insatisfeitas com o fato de o partido ficar de fora da chapa petista. A campanha de Haddad ofereceu à sigla a suplência de França.

Agora, os psolistas debatem internamente aceitar a oferta do PT ou lançar um candidato próprio ao Senado.

Ainda devem concorrer ao Senado em São Paulo o deputado estadual Ricardo Mellão (Novo) e o ex-ministro Aldo Rebelo (PDT).
Possíveis candidatos ao Senado em SP Márcio França (PSB) Janaina Paschoal (PRTB) Marcos Pontes (PL) Milton Leite (União) Rosângela Moro (União) José Aníbal (PSDB) Fernando Alfredo (PSDB) Cristiane Brasil (PTB) Nise Yamaguchi (Pros) Heni Ozi Cukier (Podemos) Aldo Rebelo (PDT) Ricardo Mellão (Novo) Chapas dos principais candidatos ao Governo de SP Fernando Haddad (PT)

Vice: indefinido Senado: Márcio França (PSB) Coligação: PT, PC do B, PV, PSB, PSOL e Rede Rodrigo Garcia (PSDB)
Vice: indefinido Senado: indefinido Coligação: PSDB, Cidadania, União Brasil, MDB, PP, Podemos, Solidariedade, Patri, Pros e Avante Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Vice: Felício Ramuth (PSD) Senado: Marcos Pontes (PL) Coligação: Republicanos, PSD, PL, PSC e PTB

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