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Política & Poder

De novo: Randolfe quer colocar presidente da Anvisa no banco da CPI

A Anvisa se queixou ao Ministério da Saúde de estar recebendo e-mails diretamente da empresa Precisa Medicamentos

Geovanna Bispo

30/06/2021 16h20

Foto: Agência Senado

O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu para que o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, fosse convocado novamente para depor à Comissão. O requerimento deve ser votado até sexta-feira (2).

Como justificativa para a nova convocação, Randolfe utilizou uma reportagem de O Globo, que mostrava que a Anvisa se queixou ao Ministério da Saúde de estar recebendo e-mails diretamente da empresa Precisa Medicamentos, representante do laboratório indiano Bharat Biotec no Brasil, para viabilizar a aprovação da vacina da farmacêutica, a Covaxin. Segundo o pedido, o comunicado, datado de 24 de março, partiu diretamente do gabinete de Barra Torres.

“O contato entre a Anvisa e empresas da área farmacêutica é comum. Neste caso, entretanto, ele deveria ser feito pelo ministério, que constava como o importador da vacina. Na mensagem, a Anvisa alegou que era preciso evitar “tumulto” no processo”, explicou o documento.

“Precisa Medicamentos, tem, por intermédio de mensagens eletrônicas, copiado setores e diretorias da Anvisa com informações alusivas ao processo, o que pode causar tumulto à instrução processual”, continua. De acordo com a Anvisa, após o pedido de importação e solicitar à Saúde o envio de documentos que faltavam, a Agência passou a receber e-mails da Precisa.

O documento que continha a reclamação de Barra Torres foi enviado ao então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, e ao diretor do Departamento de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias.

DOC-REQ 10492021 – CPIPANDEMIA-20210630 by Jornal de Brasília on Scribd

Vacinas

O nome de Roberto Ferreira Dias já foi citado na CPI quando os irmão Miranda, o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e o chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, falaram à Comissão, na última sexta-feira (25). Luís Ricardo relatou ao irmão que teria sofrido pressões de Dias e da própria Precisa Medicamentos para que o contrato do imunizante fosse assinado, mesmo com diversos erros e, na época, sem autorização de importação da Anvisa.

Segundo os irmãos, eles chegaram a falar sobre os acontecimentos para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, além de dar o nome do líder do governo na Câmara, de Ricardo Barros (PP-PR), como possível responsável, também prometeu que investigaria as irregularidades.

Além desse caso, Dias ainda é acusado de pedir propina na compra de outra vacina. Ontem, a Folha de S. Paulo revelou que Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, afirmou que recebeu pedido de propina do diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de U$ 1 por dose em troca de fechar contrato com a Saúde. A empresa buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca.

Roberto Dias foi exonerado do cargo, com demissão publicada no Diário Oficial do União desta quarta-feira. Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), durante a gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).

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