Carlos Petrocilo e Maria Paula Giacomelli
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O apresentador e candidato à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) afirmou nesta sexta-feira (13) que, se eleito, irá utilizar o SUS (Sistema Único de Saúde) para cuidar da sua própria saúde.
No entanto, o candidato demonstrou que não acredita na sua vitória e criticou o próprio plano de governo, ao ser entrevistado no ciclo de sabatinas promovido por Folha de S.Paulo e UOL para tratar dos temas da cidade.
A mediação das entrevistas é de Fabíola Cidral, ao lado dos entrevistadores Raquel Landim, do UOL, e Fábio Haddad, editor de Cotidiano da Folha de S.Paulo.
Questionado por Landim se Datena deverá manter a promessa de entrar na fila do SUS para fazer exames, ele ironizou. “Se depender da Folha de S.Paulo [Datafolha] e de todas as pesquisas, não vou entrar na fila. Fica difícil falar sobre cargo de prefeito quando está em quinto lugar na eleição”, disse o apresentador. “Mas ainda há chances.”
Com grande popularidade pelos quase 30 anos de aparição na televisão, o tucano não tem conseguido avançar na campanha e, de acordo com o Datafolha, é apenas o quinto colocado na pesquisa de intenção de voto, com 6%.
Ao longo da entrevista Datena demonstrou pouca paciência e, na reta final, justificou que estava com dor de estômago. “Deve ter sido por causa das pesquisas”, disse Datena. “Eu não sou covarde, enquanto o partido me apoiar eu vou até o fim.”
Na sabatina, ao falar sobre suas propostas para educação, o apresentador também afirmou que não terá condições de cumprir o seu plano de governo. O plano de governo é um documento exigido pela Justiça Eleitoral para aprovar a candidatura de prefeito.
Questionado se pretende colocar dois professores em cada sala de aula, como propõe, o tucano recuou.
“Está no plano, mas não dá para cumprir. O plano de governo foi feito às pressas, não é o melhor plano do mundo”, afirmou Datena.
“Eu fui o último candidato a ser homologado, me apresentaram um plano de governo que, na prática, tem muitas coisas impraticáveis. Não vou prometer, como o Nunes que promete e não cumpre nem metade das metas”, prosseguiu.
Datena é jornalista, ex-radialista e apresentador do programa Brasil Urgente, na Band. Foi filiado ao PT de 1992 a 2015. Depois, passou por mais 11 partidos. Já afirmou tentar a prefeitura por duas vezes, desistindo em todas antes da oficialização da candidatura. Foi cotado para disputar o Senado em 2022, também deixando a corrida eleitoral.
Conhecido por suas críticas ao crime organizado na televisão, o apresentador falou não ser reacionário nem a favor de que “bandido bom é bandido morto”, e voltou a defender o uso de câmeras, inclusive pelos homens da GCM (Guarda Civil Metropolitana).
“Letalidade é só para último caso, quando algum cidadão está sendo ameaçado e há uma ação policial. Ainda não tenho opinião formada de quando podem ser ligadas e desligadas. Tolerância zero apenas dentro da lei. Não aprovo operações ilegais e matança indiscriminada.”
Reconhecimento facial e espalhar câmeras pela cidade como forma de fortalecer a segurança pública são alternativas de Datena previstas no plano de governo. O candidato, no entanto, disse ser necessário o cuidado de adquirir câmeras ou aplicativos imparciais.
“Preconceito existe até hoje, o preconceito racial não é nem mais velado, é uma pouca vergonha. Tem que acabar o racismo de quem está operando a câmera, mas a câmera vai reconhecer um criminoso, é uma máquina. Falar que ‘tem cara de bandido’ é um horror.”
Ele afirmou também ser necessário a criação de tropas da GCM que possam agir de maneira rápida após um crime.
Na abertura da entrevista, o candidato do PSDB afirmou que é necessário por parte da prefeitura realizar um controle de emissão de gases emitidos, como os emitidos por carros e ônibus. São Paulo registrou, nesta semana, por cinco dias consecutivos a pior qualidade de ar do mundo, entre 120 cidades monitoradas pelo site suíço IQAir.
“Temos que melhorar o transporte coletivo, aumentar a quilometragem do metrô e a mobilidade.”
O tucano também sugeriu que, para escolher o subprefeito de cada uma das 32 Subprefeituras da cidade, poderá fazer um processo eleitoral entre os moradores da região. Com isso, ele pretende romper com as indicações de vereadores para subprefeitos, como é de praxe hoje entre o Legislativo e Executivo.
“O subprefeito precisa ser do bairro, porque sabe os problemas daquele local. Posso fazer um plebiscito na região ou pedir para os moradores indicarem o subprefeito”, afirmou Datena, que promete afastar a política do toma lá. “No meu governo não vai ter verba [para vereadores] aprovarem projetos, não vai ter cargo comissionado.”
Além dele, outros postulantes foram convidados. No dia 4, foi a vez de Pablo Marçal (PRTB). Tabata Amaral (PSB) foi sabatinada no dia 5 e Ricardo Nunes (MDB), no dia 6. Guilherme Boulos (PSOL) foi entrevistado na segunda-feira (9).
Na terça-feira (11) foi a vez de Altino Prazeres (PSTU). João Pimenta (PCO) foi entrevistado nesta quinta-feira (12). A entrevista com Bebeto Haddad (DC) ocorrerá em 16 de setembro, e Marina Helena (Novo) será sabatinada em 18 de setembro.