A CPI da Pandemia vai começar a investigar suspeitas de pagamento de propinas de até R$ 296 mil por mês para servidores ligados ao Ministério da Saúde. A suposta prática criminosa teria começado em 2018, durante a gestão do ex-ministro Ricardo Barros, hoje líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
Quem denunciou o caso foi uma servidora. A partir daí, senadores da CPI começaram a discutir o caso. No último dia 6, os parlamentares se reuniram na casa do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) para traçar os rumos da investigação. A informação é do portal UOL.
Em 2018, o Ministério da Saúde distribuía vacinas e insumos através da Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi). A Cenadi existiu por cerca de 20 anos e foi extinta durante a gestão de Ricardo Barros. No lugar, entrou a empresa VTC Operadora Logística Ltda, conhecida como VTCLog. Ela passou a ser responsável pelo armazenamento, controle e distribuição de todas as vacinas, medicamentos, soros e demais insumos entregues a estados e municípios brasileiros.
O contrato nº 59/2018 trata de prestação de serviço de “transporte e armazenamento” feito pela VTCLog ao Sistema Único de Saúde (SUS) durante cinco anos. O contrato era de R$ 592 milhões (R$ 592.733.096,15). Se os desvios tiverem ocorrido como a CPI apura, 10% desse valor foi parar no bolso de políticos e servidores. Se dividirmos por cinco anos, esse montante rendeu cerca de R$ 990 mil por mês aos envolvidos.
Roberto Dias estaria envolvido
Entre abril de 2020 e junho de 2021, Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, teve contato com a VTCLog, segundo o jornal O Globo. Dias e a CEO da VTC, Andreia Lima, ligaram um para o outro 135 vezes.
Enquanto servidor do Ministério, Dias chegou a autorizar um pagamento 1.800% acima do recomendado para a empresa. O histórico de chamadas e mensagens de Dias houve um aumento de contato entre o ex-diretor e a VTC nas datas que antecederam o aditivo de R$ 18 milhões no contrato.
Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado, também aparece nos registros de Dias. O senador chegou a trabalhar para impedir a exoneração do ex-diretor no ano passado e contra a sua prisão após depoimento na CPI.
Ao UOL, Ricardo Barros disse que não possui “nenhuma ligação” com a VTCLog e que, ao escolher a substituta para a Cenadi, tentou optar pelos Correios, mas a estatal não participou da licitação por razões de documentação.
Questionado sobre a extinção do Cenadi, Barros disse que a licitação de 20 de novembro de 2017 “encerrou 15 contratos que prestavam o serviço de forma descentralizada”, e que, com a mudança, “todos os estoques do Ministério da Saúde foram concentrados em São Paulo”.