O depoimento do ex-secretário da Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid está sendo marcada por disputa política sobre o DF.
Após ser colocado como relator da Comissão, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e outros parlamentares da capital, como a senadora Leila Barros tem usado utilizado o depoimento para tecer críticas à administração da pasta. Izalci é um potencial candidato à administração do DF nas próximas eleições.
Desde o início da pandemia de Coronavírus, em março do ano passado, a Secretaria de Saúde do DF tem passado por turbulências, com entradas e saídas de secretários e até acusações de corrupção e fraude.
Precisa Medicamentos
Mais cedo, Francisco Araújo negou qualquer ligação com a empresa Precisa Medicamentos e seus donos. “Eu irei provar minha inocência no processo”, disse indignado.
Araújo foi preso em agosto do ano passado, enquanto era secretário. Ele e outras 14 pessoas viraram réus na Operação Falso Negativo, que os acusou de organização criminosa, fraude em licitação, fraude na entrega de mercadoria e peculato.
A licitação e a fraude citada envolveu exatamente a empresa, que também é investigada na Comissão pela venda de vacinas ao Governo Federal, e que teria comercializado pelo menos 20 mil testes rápidos com irregularidades no próprio produto e no contrato, como direcionamento de licitação e sobrepreço.
Ao contrário do que Araújo afirma, o sócio da própria empresa, Francisco Maximiniano, que depôs à comissão em 19 de agosto, ele e o ex-secretário se encontram algumas vezes para falar sobre a compra dos testes rápidos.
Segundo Araújo, as áreas técnicas da secretaria, como a área assistencial, administrativa e de compra, são as culpadas da fraude com a licitação e compra dos testes de covid-19.
Silêncio e verdade
Utilizando o habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Araújo, se negou a fazer o juramento de dizer à verdade na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
O habeas corpus, que dá à Araújo o direito de ficar em silêncio durante o depoimento, foi concedido pela ministra Cármen Lúcia que, mesmo com a decisão, ressaltou que o ex-secretário fica proibido de “faltar com a verdade relativamente aos questionamentos não incluídos nesta cláusula”.