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Política & Poder

Cármen Lúcia cita Emicida e Carolina de Jesus em julgamento sobre racismo no STF

Ministra cita Emicida e Carolina de Jesus ao defender que Estado reconheça racismo estrutural e violação de direitos de negros

Redação Jornal de Brasília

28/11/2025 14h11

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

FOLHAPRESS

A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), usou música do rapper Emicida e trechos da obra da escritora Carolina de Jesus (1914-1977) em seu voto na ação que discute se há omissão do Estado na violação de direitos da população negra no Brasil.

A sessão do julgamento ocorreu na quinta-feira (27). Há oito votos no sentido de reconhecer que há violação sistêmica dos direitos da população negra no país, e o tema deve voltar a ser analisado pelo Supremo em data ainda não definida.

Cármen lembrou a música Ismália, de Emicida, ao dizer que “a felicidade do branco é plena; a felicidade do preto é quase”.

“Eu não espero viver num país em que a Constituição para o branco seja plena, e para o negro seja quase. Eu quero uma Constituição que seja plena igualmente para todas as pessoas”, disse a ministra.

“Naquela música Emicida diz que ’80 tiros te lembram que existe pele alva e pele alvo’. Não é possível continuar vivendo essa tragédia no Brasil. Eu considero, sim, um estado de coisas inconstitucional. A insuficiência de todas as medidas e providências tomadas até aqui não revela a superação de um racismo histórico, estrutural e sem resposta adequada”, declarou.

Em seguida, a ministra recorreu à escritora Carolina de Jesus. “Décadas e décadas depois, sob a vigência desta Constituição, já são 37 anos, nós poderíamos lembrar com Carolina de Jesus: ‘Não digam que fui rebotalho / Que vivia à margem da vida / Digam que eu procurava trabalho / Mas fui sempre preterida’.

“Não é possível continuar preterindo mais da metade da população brasileira por puro, grave, trágico racismo -é isso que nós temos”.

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