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Política & Poder

Braga Netto mandou dizer a Lira que, se não houver voto impresso, não haverá eleição

Ministro da Defesa passou o recado ao presidente da Câmara no último dia 8. Para membros do STF, as ameaças não passam de estratégia contra a CPI

Redação Jornal de Brasília

22/07/2021 7h14

Foto: Agência Brasil

O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, usou um interlocutor para dizer ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que se não houver voto impresso e auditável em 2022, não haverá eleições. Lira recebeu este recado no último dia 8. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça. “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou Bolsonaro a apoiadores, naquela data, na entrada do Palácio da Alvorada.

Lira, então, se reuniu com um seleto grupo e disse, preocupado, que a situação era “gravíssima”. Isso porque Bolsonaro tem subido o tom diante da possibilidade de o Congresso Nacional rejeitar a alteração, que viria por meio de uma emenda à Constituição Federal. A informação é do jornal O Estado de S.Paulo.

O recado dos militares e a reação de Lira são de conhecimento de um restrito grupo da política e do Judiciário com quem o Estadão conversou nas últimas duas semanas. “A conversa que eu soube é que o ministro da Defesa disse a um dirigente de partido: ‘A quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleição’. Teve um momento de muita tensão. Não foi brincadeira, não”, descreveu um dos envolvidos no assunto, sob a condição de anonimato.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, não temem as ameaças. Para eles, a ameaça de golpe não passa de um blefe para tentar evitar a investigação de militares pela CPI da Pandemia. A comissão tem mirado alguns nomes do governo federal, como o próprio Braga Netto e o coronel Marcelo Blanco, que atuou no cargo de diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde e estaria diretamente envolvido em esquema de pedido de propina para compra de vacinas.

“Os militares estão tentando fazer uma ameaça, mas, no fundo, ninguém está com medo deles. O Arthur (Lira) passou um recado duro. Disse que é parceiro até para perder eleição, mas não para aventura, para ruptura”, disse um ministro.

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