Nesta quinta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro assinou Medida Provisória que libera cerca de R$ 2 bilhões para a produção e distribuição de vacinas de coronavírus. De acordo com o Ministério da Saúde serão cerca de cem milhões de doses distribuídas. No final de julho foi assinado um trato para arrematar o lote.
Em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, o governo decidiu apostar no estudo elaborado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. A pesquisa no Brasil é liderada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e tem o objetivo de absorver a tecnologia desenvolvida no exterior e fabricar a vacina para brasileiros.
No entanto, a Fiocruz não é a única a produzir a vacina no Brasil. No instituto Butantan, em São Paulo, a “Coronavac”, vacina desenvolvida na China, já está na terceira fase do processo, e os testes em humanos já começaram.
Ao assinar a MP, Bolsonaro comentou a facada que recebeu em Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral de 2018 e defendeu sua postura pró-hidroxicloroquina, medicamento do qual ele é entusiasta apesar de não existir comprovação científica de sua eficácia no combate à covid-19.
“Eu sou capitão do Exército, minha atividade é outra. Mas me coloco no lugar de um médico no momento que tem que decidir. Se em Juiz de Fora o médico fosse esperar exames, eu teria morrido. Tinha que decidir. Ele tinha que cortar minha barriga naquele momento”, disse.
“Desde o começo, adotei essa linha. A gente fica triste quando vê pessoas usando decretos proibindo determinado medicamento. Mesmo que não tinha comprovação científica, mas não apresentava uma alterativa. O que estava em jogo? Vidas. Desde o começo, eu assumi essa postura. Tinha que fazer alguma coisa, mesmo não sendo médico”, argumentou.
Mesmo com o investimento, o executivo deixa claro que entende os “riscos tecnológicos” já que não há resultados conclusivos acerca de nenhuma das vacinas testadas.
Eduardo Pazuello, ministro da saúde, desse que a vacina “tem se mostrado a mais promissora do mundo”.
“Em uma segunda fase, caso a vacina se mostre eficaz e segura, será ampliada a compra. O governo considera que esse risco de pesquisa e produção é necessário devido à urgência pela busca de uma solução efetiva para manutenção da saúde pública e segurança para a retomada do crescimento brasileiro”, informou a Secretaria-Geral da Presidência.
O dinheiro, proveniente de crédito orçamentário extraordinário (ou seja, para atender despesas consideradas urgentes) R$ 1,3 bilhão iria para a AstraZeneca, R$ 522,1 milhões seriam para a produção da vacina na Fiocruz e R$ 95,6 milhões seriam para que a Fiocruz tenha a tecnologia, totalizando R$ 1,99 bilhões.
“A vacina é peça fundamental nas respostas do governo federal no enfrentamento da pandemia. Ela, no entanto, não é e nem será a única medida adotada contra a covid-19”, comentou Pazuello.