Após os atos de vandalismo cometidos no Distrito Federal neste domingo (8) e a ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) para que acampamentos golpistas fossem desmantelados, bases bolsonaristas no entorno de quartéis foram desmobilizadas nesta segunda-feira (9).
Acampamentos em Brasília, Rio, São Paulo, Manaus, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre foram aos poucos sendo esvaziados nesta segunda por forças de segurança como a Polícia Militar e o Exército.
Rodovias também foram liberadas e refinarias, que estavam na mira de extremistas, funcionaram normalmente após policiais impedirem bloqueios.
Em Brasília, a retirada de todos os golpistas acampados na área do quartel-general do Exército foi feita logo na manhã e cerca de 1.500 bolsonaristas foram detidos.
Os policiais deram cerca de uma hora para que os manifestantes radicais recolhessem seus pertences e deixassem o acampamento e disseram aos presentes que aqueles quem continuassem no local seriam detidos.
O desmonte do acampamento de manifestantes golpistas em frente ao Comando Militar do Sudeste, na zona sul de São Paulo, também foi feito nesta segunda pela Polícia Militar.
A determinação da PM foi para que a via fosse totalmente desobstruída até o fim da manhã. Os extremistas aceitaram, mas muitos reclamavam e gritavam contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e contra os Poderes da República enquanto empacotavam seus pertences.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública paulista, os 34 focos de atos golpistas no estado foram desmobilizados nesta segunda.
No Rio, o fim do acampamento em frente ao Comando Militar do Leste, no centro da capital, ocorreu após negociação entre o
Exército e integrantes do grupo, segundo o governador Cláudio Castro (PL).
O policiamento foi reforçado em outros prédios públicos onde houve informações de possíveis manifestações, como Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Eleitoral e Assembleia Legislativa.
Na Bahia, a Secretaria da Segurança Pública comandou uma ação simultânea para encerrar os acampamentos de manifestantes extremistas em Salvador, Alagoinhas e Feira de Santana no início da tarde.
Em Salvador, os extremistas estavam na praça Duque de Caxias, em frente ao Quartel da Mouraria. A estrutura incluía seis toldos, dois banheiros químicos, além de faixas com pedidos de golpe militar.
Até a chegada da polícia, cerca de 20 pessoas permaneciam no local. Por volta das 12h30, um grupo se virou para o quartel em posição militar, cantou o hino nacional e rezou.
O acampamento golpista instalado na área do CMA (Comando Militar da Amazônia), em Manaus, contou com a leniência e a aceitação dos comandantes da unidade do início ao fim.
Depois de 70 dias de funcionamento ininterrupto, com ocupação de calçadas, muros, entrada principal e via de acesso ao comando, o acampamento foi desmontado por forças de segurança do Governo do Amazonas e da Prefeitura de Manaus.
No acampamento extremista em frente ao quartel do Exército em Belo Horizonte, apenas oito pessoas estavam no local na manhã desta segunda.
Grades foram instaladas no local e a PM agia na identificação dos bolsonaristas que ainda permaneciam no local.
Já no Centro Histórico de Porto Alegre, a praça Padre Thomé, vizinha ao Comando Militar do Sul e sede do acampamento golpista desde o final das eleições, amanheceu vazia e com acesso restrito a militares, controlado por dois soldados.
Ao longo da semana passada, eles foram impedidos de armar barracas e cadeiras, vagando pela região.
Na noite de domingo, animados com as invasões em Brasília, alguns deles voltaram a se reunir na praça, mas foram dispersados até a manhã desta segunda.
ESTRADAS LIBERADAS
A desmobilização não ficou restrita às portas dos quartéis e atingiu também os bloqueios em rodovias federais do país.
Todos eles foram desfeitos e as estradas estavam com o tráfego liberado no decorrer do dia, de acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Depois de uma madrugada em que foram liberados trechos de rodovias de quatro estados que haviam sido fechados, manifestantes extremistas haviam organizado novos bloqueios e fecharam a BR-163 em pelo menos três pontos na manhã desta segunda.
Foram desfeitas as interdições em dois pontos da rodovia no município de Progresso, no sul do Pará, e em um ponto na cidade de Matupá, norte de Mato Grosso.
Neste domingo, o estado de Mato Grosso era o mais atingido pelos protestos golpistas, com bloqueios em ao menos cinco trechos de rodovias federais.
Manifestantes golpistas queimaram pneus e bloquearam trechos da BR-163 na altura dos municípios de Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, Guarantã do Norte e Nova Mutum. As cidades estão entre os principais polos do agronegócio do país.
Um forte esquema de policiamento impediu que manifestantes extremistas bloqueassem o acesso a refinarias em ao menos cinco estados.
A movimentação dos manifestantes rumo às refinarias aconteceu no domingo após a nova escalada dos atos golpistas que resultaram na depredação do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF.
Balanço da FUP (Federação Única dos Petroleiros) da manhã de segunda indica queda no número de bolsonaristas que tentam bloquear refinarias da Petrobras para prejudicar o abastecimento de combustíveis no país. Segundo a entidade, na manhã desta segunda as unidades continuavam funcionando e não havia impactos para a operação.
A Petrobras disse, por nota, que as refinarias operavam normalmente e que estava tomando todas as medidas preventivas de proteção necessárias.
Após reunião com senadores, que tratou dos atos antidemocráticos na praça dos Três Poderes, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), já indicado como futuro presidente da Petrobras, destacou que mantinha a situação das refinarias no radar.