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Política & Poder

Após 1 em cada 4 votos nulos em SP ser 22, Tarcísio busca ações para fixar seu número de urna

Tarcísio é apoiado por Jair Bolsonaro (PL), cujo número de urna é 22, mas não integra o mesmo partido do presidente -sua legenda é o 10

FolhaPress

20/10/2022 20h44

Foto: Reprodução

Carolina Linhares e Cleiton Otavio
São Paulo, SP e Salvador, BA

Cerca de 25% dos votos nulos no primeiro turno da eleição para o Governo de São Paulo foram anulados a partir da digitação do número 22 na urna, o que, na visão da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos), demonstra que, na verdade, esses votos estariam destinados ao candidato, mas houve um erro do eleitor.

Tarcísio é apoiado por Jair Bolsonaro (PL), cujo número de urna é 22, mas não integra o mesmo partido do presidente -sua legenda é o 10.

Quando o número 22 é digitado na urna, como o PL não tem um candidato ao Governo de São Paulo, o voto do eleitor é anulado. Apenas a totalização de votos válidos, que exclui da conta brancos, nulos e indecisos, é o critério usado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para contabilizar o resultado do pleito.

A equipe de Tarcísio planeja ações de conscientização do número do candidato para evitar que a situação se repita no próximo dia 30, data do segundo turno.

“Além dos quase 10 milhões de votos, mais 500 mil pessoas desejaram votar no Tarcísio, mas confundiram os números no momento da votação. Temos uma nova missão: ajude a viralizar esta imagem, divulgando em todos os seus grupos de WhatsApp”, diz um post no perfil do candidato no Twitter, com os números corretos.

A partir do Registro Digital de Voto (RDV) do TSE, a Folha de S.Paulo contabilizou 521.157 votos nulos 22 (foram 2,14 milhões de votos nulos no total). Ou seja, cerca de 1 a cada 4 dos votos nulos na disputa ao governo paulista foi anulado a partir da digitação do número de Bolsonaro.

Em Borá (SP), 57,5% dos votos nulos tiveram o número 22. Na outra ponta, em Turmalina (SP), os supostos votos para Tarcísio representam 15,65% dos nulos totais.

Na capital, 19,5% dos votos nulos seriam de Tarcísio, segundo a lógica de aliados de que os votos 22 se destinam a ele.

No primeiro turno, Tarcísio terminou à frente, com 9,88 milhões de votos (42,32% dos votos válidos). Fernando Haddad (PT) foi o segundo colocado, com 8,34 milhões de votos (35,7%).

A diferença de 6,6 pontos percentuais seria de 8,7 considerando a hipótese de que os votos nulos 22 seriam votos válidos para Tarcísio. O bolsonarista marcaria 43,6% ante 34,9% do petista.

A campanha de Tarcísio afirma que alguma confusão com os números era prevista, mas que a quantidade de votos nulo 22 surpreendeu.

“Estávamos curiosos com isso, mas, quando levantamos os números, foi algo expressivo. Isso pode definir uma eleição”, afirma Pablo Nobel, marqueteiro da campanha de Tarcísio.

O erro na votação, na opinião dos estrategistas, é um efeito colateral da campanha colada em Bolsonaro -estratégia usada por Tarcísio para tornar-se conhecido e herdar votos do presidente.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (19), Tarcísio marca 49% de intenções de votos, enquanto Haddad chega a 40%.

Bolsonaro tem 47% das intenções de voto em São Paulo ante 43% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A campanha de Tarcísio desencadeou duas ações para difundir o número do candidato. Nas redes sociais, lançou um card para divulgar os mais de 500 mil votos nulos 22. A imagem diz “Não se esqueça: Tarcísio é 10, Bolsonaro é 22. Ajude a divulgar corretamente os números”.

Além disso, foi veiculada na TV e nas redes sociais uma peça de propaganda de 30 segundos apenas para fixar o número 10.

“Sabe quando um negócio é 10? Dez é ganhar de virada na prorrogação. Dez é ver o vilão ser preso e a mocinha casar com o galã no último capítulo. […] Dez é votar Tarcísio número 10 para governador”, diz o narrador.

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