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Política & Poder

Abin considerou neonazistas e movimentos contra o Estado maiores ameaças à posse de Lula

Em documento de 29 de dezembro, oficiais de inteligência apontaram nível de alerta “alto” para o risco de ações violentas na posse

Redação Jornal de Brasília

30/08/2023 18h38

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

MATEUS VARGAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) alertou autoridades, no fim de 2022, de que neonazistas, supremacistas brancos e movimentos de deslegitimação do Estado eram as principais ameaças para a cerimônia da posse presidencial de Lula (PT).

A agência afirmou na ocasião ter identificado um crescimento na atuação de “indivíduos e grupos extremistas e violentos ideologicamente motivados” após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.

Em documento de 29 de dezembro, oficiais de inteligência apontaram nível de alerta “alto” para o risco de ações violentas na posse.

“Concomitantemente à desmobilização dos atos de rua, grupos radicais têm realizado ações mais violentas. Ocorreram tentativa de invasão de prédio público e atentado a bomba frustrado em Brasília. Suspeitos eram frequentadores do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército”, afirmou a agência no relatório.

No período eleitoral e após a vitória de Lula, a agência monitorou discussões em redes sociais de extremistas e detectou grupos que trocavam instruções e fotos sobre como montar ou modificar as próprias armas de fogo. Nesses canais ainda havia difusão de teorias conspiratórias e ameaças contra autoridades.

A agência disse nos relatórios que os grupos se articulavam principalmente pelo Telegram e pelo Twitter.

A Abin citou que parte dos extremistas mostrava conhecimento sobre fabricação de explosivos e armas de fogo artesanais ou feitas em impressoras 3D.

Os oficiais de inteligência alertaram autoridades que integrantes de movimentos como o “Ucraniza Brasil” tentavam mobilizar ataques a Lula e a integrantes do Judiciário.

“O movimento Ucraniza Brasil tenta aproveitar-se dos protestos de 2022 para conseguir adeptos e instrumentalizar suas pautas”, afirma relatório de 1º de dezembro.

Neste mesmo documento, chamado “ameaças extremistas à transição de governo”, a agência lista 15 “indivíduos mobilizados para a violência”.

Um dos extremistas seria cabo do Exército, lotado no gabinete do comandante da Força. Procurado, o Exército ainda não se manifestou sobre o relatório. A agência considerou que esse militar apresentava nível “médio” de ameaça.

Esse extremista lotado no Exército teria “conhecimento de fabricação de explosivos” e defenderia que o grupo conseguisse “recursos financeiros por meios ilícitos”.

Os documentos da Abin foram entregues à CPI do 8 de janeiro e obtidos pela Folha de S.Paulo. A Agência Pública e o jornal O Globo também noticiaram sobre informes da agência que citam mobilização de grupos extremistas.

A Abin elaborou, em 25 de novembro de 2022, relatório de inteligência sobre a “repercussão das ações de movimentos de contestação do resultado eleitoral em grupos supremacistas e neonazistas”.

A agência afirmou que grupos neonazistas estavam interessados em associar “narrativas supremacistas a movimentos de contestação dos resultados eleitorais”. O documento citou mais de um grupo que compartilhava mensagens sobre a fabricação de explosivos e outras armas, além de conteúdo separatista e de supremacismo branco.

Em um desses canais, com cerca de 800 membros, circulava mensagens com conteúdo falso sobre suposta fraude nas urnas e “alertava para possível guerra civil no Brasil após o segundo turno”.

Esse relatório foi compartilhado com o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Ministério da Justiça, Gabinete de Transição e com a Polícia Civil de Santa Catarina.

Os relatórios da Abin também alertaram sobre recrutamentos feitos por grupos neonazistas no Brasil, além do surgimento de canais em aplicativos de mensagem desses extremistas.

Em 27 de dezembro, a Abin escreveu que “a principal fonte de ameaça extremista à posse presidencial em 1º jan.2023 são movimentos de deslegitimação do Estado e supremacistas brancos e neonazistas”.

A Abin ainda alertou que esses extremistas participavam de movimentos bolsonaristas em frente aos quartéis.

“No contexto da ameaça representada por grupos extremista para a posse presidencial, destaca-se que parte dos integrantes do movimento em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília defende pauta alinhada com a ideologia extremista de deslegitimação do Estado”, disse o relatório.

O mesmo documento avaliou como “provável” a tentativa de execução de ações violentas na posse presidencial. A posse de Lula, porém, não registrou ocorrências graves de segurança.

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