GÉSSICA BRANDINO E NICHOLAS PRETTO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
As capitais Campo Grande e Aracaju lideram um grupo de 244 municípios que elegeram em 2024 prefeitas pela primeira vez desde o ano 2000.
Ao todo, 728 mulheres conquistaram o cargo máximo do Executivo municipal neste ano, cinco delas no segundo turno concluído neste domingo (27). Isso representa um aumento de 10% em relação a 2020, quando o país teve 662 eleitas.
O número total de prefeitas pode aumentar, pois em cinco municípios do país -o principal deles, Vitória da Conquista (BA)- as candidatas tiveram o resultado anulado sub judice, o que significa que a posse depende de definição da Justiça Eleitoral.
Os partidos lançaram 2.362 candidatas ao cargo em 1.986 municípios do país. Uma em cada três delas conseguiu se eleger, o que representa um crescimento de cinco pontos percentuais em relação à taxa registrada na última eleição municipal.
Em relação à reeleição, como mostrou a Folha de S.Paulo, as mulheres alcançaram um recorde de 76% das prefeituras com disputa de segundo mandato, com 340 prefeitas reconduzidas ao cargo.
Metade das eleitas no pleito deste ano vem de partidos do centro político, em que quatro em cada dez candidatas ao cargo se elegeu. O MDB lidera a lista, com 129 prefeitas, seguido de PSD, com 104, e PP, com 90.
Na sequência aparecem os partidos de direita, com uma em cada três prefeitas eleitas no país. O União Brasil elegeu 90 mulheres para o cargo e o PL, 61.
Na esquerda, a taxa de sucesso das candidaturas às prefeituras foi de 19%, sendo 15% mulheres desse espectro político. O partido que mais teve êxito nesse campo foi o PSB, com 51 eleitas, seguido de PT, com 41.
O predomínio das legendas de centro e direita se mantém quando são consideradas apenas cidades que elegeram prefeitas pela primeira vez. Nesse cenário, os partidos com mais eleitas são MDB, PP, PSD, União e Republicanos.
A classificação da ideologia deriva do GPS partidário, modelo estatístico criado pela Folha de S.Paulo para medir a proximidade dos partidos a partir de quatro variáveis -coligações, votações na Câmara dos Deputados, trocas de legendas e composição de frentes parlamentares.
Os estados que proporcionalmente mais escolheram mulheres pela primeira vez foram Amazonas, com sete eleitas, e Mato Grosso do Sul, com oito.
Com o resultado dessas eleições, o total de municípios que elegeu chefes de Executivo homens teve uma redução de cerca de 7%, ficando em 3.313, o equivalente a 59% do total.
A lacuna de representatividade observada em relação aos pleitos anteriores, de 2000 a 2020, considerou candidatas eleitas tanto em pleitos ordinários quanto suplementares -realizados em caso de indeferimento de registro, cassação do diploma ou perda do mandato do candidato eleito.
A lista das cidades sem eleitas inclui 17 capitais, sendo as cinco maiores Rio de Janeiro, Salvador -que tem no histórico a eleição em 1992 de Lídice da Mata, hoje deputada federal da Bahia pelo PSB-, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba.
Em Campo Grande, única capital com duas mulheres na disputa no segundo turno, Adriane Lopes (PP) foi reeleita com 51,45% dos votos válidos, contra 48,55% de Rose Modesto (União Brasil).
Lopes é a primeira mulher a ser eleita diretamente para o cargo. Em abril de 2022, ela se tornou a primeira a comandar a prefeitura após renúncia de Marquinhos Trad para disputar o governo do estado, e havia terminado o primeiro turno à frente, com 31,67% dos votos válidos, contra 29,56% de Modesto.
Em Aracaju, a vereadora e defensora pública aposentada Emília Corrêa (PL) confirmou o favoritismo do primeiro turno e se tornou a primeira mulher eleita na cidade, com 57,46% dos votos válidos, contra 42,54% de Luiz Roberto (PDT).
A capital sergipana foi a segunda cidade com o maior número de candidatas -quatro mulheres- nessas eleições. Dois homens também concorreram ao pleito.
Em outras cinco capitais -Curitiba, Porto Alegre, Palmas, Porto Velho e Natal- as candidatas que disputaram o segundo turno perderam.
Nas outras seis cidades que tiveram candidatas no segundo turno, elas se elegeram em Olinda (PE), com Mirella (PSD), Uberaba (MG), com Elisa Araújo (PSD), e Ponta Grossa (PR), com a prefeita reeleita Elizabeth Schmidt (União).
Nos municípios com mais de 200 mil eleitores, além das capitais, apenas Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, elegeu uma prefeita mulher pela primeira vez, já no primeiro turno. Ao todo, das 103 cidades maiores do país, dez elegeram mulheres.
A análise da Folha de S.Paulo em relação a pleitos anteriores foi feita a partir de dados de candidaturas de 5.568 cidades disponibilizados pelo TSE e que passam por atualizações dos Tribunais Regionais Eleitorais. Os registros foram coletados em julho, e a análise considerou apenas as candidaturas válidas -categorizadas como aptas, deferidas ou sub judice- e que chegaram às urnas.