Por: Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN)
Na corrida por tratamentos e medidas para frear a disseminação do novo coronavírus, o papel da vitamina D na imunidade nunca esteve tão em pauta. Entretanto, a pandemia e o isolamento social fizeram com que a exposição solar, fundamental para sintetização desse pró-hormônio, se tornasse uma tarefa rara. E a chegada do inverno tende a aumentar esse problema, já que a incidência de sol diminui e, consequentemente, mais pessoas passam a ter deficiência da vitamina D no organismo.
Estudos internacionais desenvolvidos nas últimas décadas já associavam os surtos sazonais de gripe a uma possível deficiência da vitamina D. Nas regiões de clima temperado, as epidemias de influenza aparecem durante os períodos frios e praticamente desaparecem no verão. E agora novas evidências apontam que a falta da vitamina D também pode impactar a resposta do organismo contaminado pelo novo coronavírus.
Uma dessas pesquisas clínicas é a publicada pelo Journal of The American College Of Nutrition, em fevereiro. O estudo analisou os níveis de vitamina D de 437 pacientes com Covid-19, entre 56 e 79 anos, no hospital Mount Sinai Health System, em Nova York (EUA). Os pacientes foram divididos em dois grupos: com deficiência de vitamina D (nível abaixo de 20 ng/ml) e com nível suficiente, ou seja, acima deste patamar, considerando-se os exames realizados nos três meses antes de serem internados ou no momento da internação.
A pesquisa mostrou que deterioração do estado de saúde dos pacientes infectados pelo novo coronavírus ocorreu pelo aumento das citocinas pró-inflamatórias, o desenvolvimento da síndrome do desconforto respiratório agudo, o que fez com que os pacientes necessitassem do suporte de terapias com oxigênio, o que inclui intubação.
Os especialistas também perceberam que, nos pacientes com deficiência de vitamina D, a suplementação pode ter o potencial de melhor desfecho ao suprimir as citocinas inflamatórias, além de aumentar a enzima conversora de angiotensina 2, que, dentre as suas funções está o controle da pressão arterial e redução da lesão pulmonar.
Esse é o primeiro estudo que demonstra como os níveis de vitamina D podem influenciar a necessidade de terapia com oxigênio nos pacientes com Covid-19, reforçando a importância desse pró-hormônio neste momento crítico que o mundo vivencia.
Portanto, as medidas gerais de prevenção devem garantir que a população mantenha os níveis adequados de vitamina D, principalmente durante o inverno, por meio da suplementação.
Além disso, é fundamental reforçar a importância dos outros cuidados para evitar a transmissão do vírus, como o isolamento social, higienização das mãos e utilização de máscaras.
Referência:
Gavioli, E. M.; Miyashita, H.; Hassaneen, O.; Siau, E. An Evaluation of Serum 25-Hydroxy Vitamin D Levels in Patients with COVID-19 in New York City. Journal of The American College Of Nutrition. Fev, 2021. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/07315724.2020.1869626