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Opinião

Holocausto nunca mais!

O dia também servirá para desmentir a pregação daqueles que tentam fazer crer que o holocausto não existiu

Redação Jornal de Brasília

15/02/2022 18h34

Foto: AFP

*Arão Parnes

Ao estabelecer o dia 27 de janeiro como o Dia Mundial de Lembrança do Holocausto a Organização das Nações Unidas (ONU) exercitou um ato pedagógico digno de múltiplos aplausos: o de não possibilitar o esquecimento da barbárie cometida pelo nazi-fascismo contra a vida de mais de seis milhões de judeus, em campos fétidos de concentração.

O dia também servirá para desmentir a pregação daqueles que tentam fazer crer que o holocausto não existiu. Que buscam ocultar no baú do esquecimento as atrocidades cometidas contra milhões de indefesos que não se subjugaram ao sectarismo ideológico de um ditador obcecado pelo estabelecimento da supremacia da raça germânica. E que, para isso, utilizava como lema “Um Povo, um Império, um Chefe”, buscando conquistar novos territórios tidos como fundamentos básicos de uma devoradora teoria do espaço vital.

O dia 27 de janeiro, que passou a Dia Mundial de Lembrança do Holocausto, ensinará aos mais jovens e aos mais desligados dos fatos históricos que marcaram tragicamente a II Guerra Mundial que o Holocausto não foi um mito. E a ONU, juntamente com os demais governos não-totalitários, promoverá exposições educacionais de conteúdo ilustrativo, buscando não esmorecer à indignação diante da matança criminosa de milhões de civis pelas tropas nazi-fascistas.

Nas exposições, fotos, filmes, depoimentos, ordens de serviços, testemunhos de sobreviventes e arquivos dos julgamentos ocorridos em Nuremberg comprovarão o que verdadeiramente aconteceu: mais de mil sinagogas queimadas, mais de 7.500 instalações comerciais destruídas, as câmaras de gás, os campos de concentração, a proibição do casamento de judeus com não-judeus, a cremação de milhões, os bárbaros experimentos médicos, o cerceamento do exercício do voto para judeus nas eleições alemãs de 1936.

Tudo comprovando uma das mais horrendas páginas da história do mundo.

O dia 27 de janeiro de cada ano, pedagogicamente instituído pela ONU, buscará reavivar a memória dos desatentos, dos que ainda não sofreram os horrores da perseguição religiosa, da perseguição por opção sexual, da perseguição em nome de uma suposta superioridade racial. Nunca é desnecessário relembrar as atrocidades acometidas por fanáticos detentores de uma ideologia criminosa.

A cada ano, nesta data, a ONU procurará relembrar que os monstros totalitários ainda não se desmaterializaram integralmente, persistindo travestidos sob as mais diferenciadas maquiagens, inclusive nos muitos países do Oriente Médio, também Israel.

Devemos ter a coragem de rejeitar todas as formas de totalitarismo político, religioso e pessoal. Ao reconhecer o Holocausto, a ONU também reverencia o martírio de milhões de judeus, de dezenas de milhares de ciganos, de dezenas de milhares de Testemunhas de Jeová, de dezenas de milhares de deficientes físicos e mentais, reconhecendo ainda os milhões de trabalhadores escravos da Polônia, da França e de outras nações ocupadas que se tornaram mártires nas malhas do fanatismo.

Assim, em todo o mundo civilizado haverá a oportunidade de aprender e apreender mais sobre cidadania, respeito individual, liberdade e ética social, democracia e direitos humanos, paz e fraternidade entre os povos, para isso nunca ser esquecido do que se encontra escrito no livro do Eclesiastes (7,24): ‘Por isso dediquei-me a aprender, a investigar, a buscar a sabedoria das coisas, para compreender a insensatez da impiedade e a loucura da insensatez’.

Por isso que, enquanto for preciso, vamos dizer em alto e bom som:
“Holocausto, nunca mais! ”

*Presidente do Beit Chabad de Brasília (entre 1995 – 2017).
*Ativista na comunidade Israelita de Pernambuco (1974 – 1986).

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