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Opinião

Equidade ambiental e a distribuição de árvores no Distrito Federal

É perceptível que as áreas geralmente enfrentam desafios relacionados a manutenção de uma quantidade adequada de árvores devido à pressão do desenvolvimento

Redação Jornal de Brasília

04/12/2023 15h33

Foto: Divulgação

*Marcos Pantoja

Brasília, a capital do Brasil, é conhecida por sua arquitetura única e seu planejamento urbano moderno. No entanto, como em muitas cidades, a expansão urbana pode resultar na diminuição da cobertura vegetal, o que pode impactar negativamente o meio ambiente e o bem-estar da população.

A quantidade de árvores em uma determinada Região Administrativa do Distrito Federal pode variar dependendo de diversos fatores, incluindo políticas de arborização urbana, práticas de desenvolvimento urbano sustentável e esforços de conservação ambiental. São fatores que colocam em contraposição as áreas periféricas/centro urbanas da cidade.

É perceptível que essas áreas geralmente enfrentam desafios relacionados a manutenção de uma quantidade adequada de árvores devido à pressão do desenvolvimento e à expansão urbana e o avanço de ocupações e moradias desordenadas, como consequência da falta de uma política de moradia eficaz dos governos.

Dados da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) – empresa pública responsável pelo cultivo, plantio e manutenção de mudas de árvores no Distrito Federal – mostram números de como se dá a distribuição das árvores na cidade. No período de 2022/2023, o Park Way, região conhecida por suas imensas mansões com espaçosas áreas verdes, recebeu 7.937 mudas de árvores. O Plano Piloto, área central da capital que abriga os prédios de órgãos administrativos do país e onde se concentra a população com maior poder aquisitivo, recebeu 4.696 exemplares de mudas. Essa região possui 27% das áreas verdes do Distrito Federal.

Por outro lado, quando se observa as cidades com menores estruturas urbanísticas e sociais, percebe-se que elas receberam a menor quantidade de árvores ou nenhuma, como é o caso do Sol Nascente e Ceilândia, que não receberam uma árvore sequer. Ainda de acordo com a Novacap, Ceilândia possui apenas 4% das áreas verdes do Distrito Federal.

As ações governamentais no fornecimento dos equipamentos e recursos para o plantio de árvores nas vias públicas e espaços verdes podem ajudar a abordar essas disparidades e promover a equidade ambiental, garantindo que todas as comunidades tenham acesso a informações e recursos para proteger o meio ambiente.

A educação ambiental, por sua vez, promove a conscientização da população sobre a importância das árvores na redução do calor, melhoria da qualidade do ar e promoção da biodiversidade, também desempenha um papel crucial.

Para isso, é fundamental investir em Educação Ambiental em todas as regiões da cidade, independentemente de suas condições sociais, destacando-se a importância de promover consciência ambiental, sustentabilidade e equidade. Não basta apenas combater o crescimento desordenado e sem estruturas de bem-estar ambiental adequada. É preciso oferecer subsídios educacionais, sociais e econômicos para que a população possa viver com qualidade de vida.

*Marcos Pantoja é mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em Governo, Estado e Políticas Públicas pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO Brasil). É especialista em Educação do Campo, Desenvolvimento e Sustentabilidade pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

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