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Vice-primeiro-ministro da Inglaterra renuncia ao cargo por acusações de assédio moral

O caso apresentou um dilema para Sunak, que estava entre demitir Raab e iniciar as críticas por contratá-lo, ou mantê-lo no cargo

Redação Jornal de Brasília

21/04/2023 8h45

Foto: AFP

O vice-primeiro-ministro britânico, Dominic Raab, anunciou nesta sexta-feira, 21, a sua demissão do cargo após um relatório independente determinar que ele havia assediado moralmente os funcionários, um revés para o primeiro ministro Rishi Sunak, de quem era um aliado próximo.

“Escrevo para renunciar ao seu governo”, disse Raab, também ministro da Justiça, em carta direcionada à Sunak. O agora ex-vice-primeiro-ministro ainda afirmou que está cumprindo sua palavra. “Solicitei essa investigação e prometi renunciar se apurasse fatos de assédio, quaisquer que fossem. Acho que é importante respeitar a minha palavra”, disse.

Na carta, Raab reitera que a investigação fez duas descobertas de bullying contra ele e rejeitou as outras. No entanto, chamou as descobertas de “falha” e disse que o inquérito “estabeleceu um precedente perigoso” ao “estabelecer o limite para o bullying tão baixo”. Ele disse que pediu demissão porque tinha “obrigação por dever” de renunciar, já que havia prometido.

Queixas formais

O anúncio de Raab acontece um dia após Rishi Sunak receber as conclusões sobre oito queixas formais de que Raab havia abusado de funcionários durante uma passagem anterior naquele cargo e enquanto servia como secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha e secretário do Brexit.

O ex-vice-primeiro-ministro negou as acusações de que menosprezou e humilhou sua equipe e disse que “se comportou profissionalmente o tempo todo”, mas afirmou que renunciaria se as queixas fossem confirmadas. A renúncia poupa Sunak de ter que determinar o destino dele.

Segundo o porta-voz oficial do primeiro-ministro, Max Blain, Sunak recebeu o relatório da investigação na manhã desta quinta-feira, 20, e estava considerando cuidadosamente as descobertas, mas não tomou uma decisão imediatamente.

O caso apresentou um dilema para Sunak, que estava entre demitir Raab e iniciar as críticas por contratá-lo, ou mantê-lo no cargo e ser criticado por não cumprir sua promessa de restaurar a integridade do governo conservador.

Instabilidade interna

O relatório é a mais recente dor de cabeça ética para Sunak, que prometeu restaurar a ordem e a integridade do governo após três anos de instabilidade sob os predecessores Boris Johnson e Liz Truss. Vários escândalos derrubaram Johnson em 2022, e Truss renunciou em outubro, após seis semanas no cargo, quando seus planos econômicos de corte de impostos geraram confusão nos mercados financeiros.

Sunak, por outro lado, tem lutado para se livrar das acusações da oposição de que o governo conservador continua atolado em escândalos e sordidez.

Raab foi eleito para o Parlamento em 2010 e tentou, sem sucesso, se tornar o líder do Partido Conservador em 2019, antes de dar seu apoio a Boris Johnson. Nomeado vice-primeiro-ministro na época, ele assumiu brevemente o governo quando Johnson foi hospitalizado com covid em abril de 2020.

Estadão Conteúdo

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