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UE pressiona Israel a aceitar Estado palestino

Segundo Borrell, “a paz e a estabilidade não podem ser construídas apenas por meios militares. (…) Qual outra solução vocês consideram? Fazer todos os palestinos partirem? Matá-los?”

Redação Jornal de Brasília

22/01/2024 12h53

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, insistiu nesta segunda-feira (22) em uma solução baseada em dois Estados para o conflito israelense-palestino, e garantiu que Israel não conseguirá alcançar a paz em Gaza apenas com meios militares.

“Queremos construir uma solução de dois Estados. Então, vamos conversar sobre isso”, disse Borrell ao chegar a uma reunião de ministros das Relações Exteriores do bloco em Bruxelas.

Borrell fez estas declarações antes de os ministros europeus realizarem reuniões separadas em Bruxelas com o chanceler israelense, Israel Katz, e seu homólogo palestino, Riyad al Maliki.

Segundo Borrell, “a paz e a estabilidade não podem ser construídas apenas por meios militares. (…) Qual outra solução vocês consideram? Fazer todos os palestinos partirem? Matá-los?”.

Al Maliki disse esperar que a UE comece a “contemplar sanções contra [o primeiro-ministro israelense, Benjamin] Netanyahu e outros que realmente estão destruindo as possibilidades de uma solução de dois Estados”.

O chanceler espanhol, José Manuel Albares, afirmou que Madri defende a convocação de uma conferência da paz para “implementar a solução de dois Estados”.

“Um Estado palestino realista e viável envolve Gaza e a Cisjordânia sob a mesma Autoridade Nacional palestina, conectadas por um corredor para que haja continuidade territorial, com acesso ao mar através de um porto em Gaza, e com a sua capital em Jerusalém Oriental”, disse o ministro.

Ao chegar à sede das reuniões, Katz ignorou as perguntas da imprensa e se limitou a afirmar que seu país estava concentrado em obter a libertação dos reféns capturados pelo grupo islamista Hamas em 7 de outubro.

A chefe da diplomacia alemã, Annalena Berbock, reiterou que “a solução de dois Estados é a única e aqueles que a rejeitam não apresentaram nenhuma alternativa”.

“Símbolo forte”

Os ministros da UE também convidaram seus homólogos saudita, Faisal Bin Farhan Al Saud, jordaniano, Ayman Safadi, e egípcio, Sameh Shoukry. Também está previsto um diálogo com o secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Ahmed Abul Gheit. Nenhum encontro presencial entre Katz e Riyad al Maliki está programado.

O ministro jordaniano Safadi afirmou que a recusa de Israel à solução de dois Estados “é uma ameaça ao futuro da região”.

De todos estes interlocutores árabes, os ministros da UE querem conhecer seus pontos de vista, já que Bruxelas considera que todos eles poderão desempenhar um papel importante após o fim do conflito.

Uma fonte diplomática da UE admitiu que não se espera nenhuma decisão concreta dessas negociações, mas acrescentou que a presença de Katz e de Al Maliki em Bruxelas no mesmo dia deve ser vista como um “símbolo forte”.

A UE já manifestou a sua preocupação com o alto número de vítimas nos bombardeios lançados por Israel contra Gaza após o ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos em solo israelense.

De acordo com o movimento islamista palestino, mais de 25 mil pessoas morreram em Gaza até o momento pelos ataques de Israel.

No entanto, o bloco não conseguiu até agora alcançar uma posição unificada sobre a necessidade de um cessar-fogo.

Na reunião desta segunda-feira, os ministros europeus também planejam discutir uma possível missão da UE no Mar Vermelho, onde os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, atacaram vários navios mercantes.

A ideia é implantar três navios de combate no Mar Vermelho. Por enquanto, Itália, França, Países Baixos, Alemanha e Bélgica manifestaram vontade de participar, enquanto Espanha se desvinculou da iniciativa.

Segundo a ideia original, a missão naval da UE teria a missão de derrubar mísseis ou drones lançados pelos huthis contra navios mercantes, mas não de realizar ataques a alvos terrestres no Iêmen.

© Agence France-Presse

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