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Suprema Corte de Israel suspende despejos de famílias palestinas em Sheikh Jarrah

A decisão reconhece as famílias como “inquilinos protegidos” e define um aluguel simbólico, de 2.400 shekels (cerca de R$ 3.800)

FolhaPress

01/03/2022 22h29

Foto: Reprodução/ Canva

A Suprema Corte de Israel decidiu nesta terça-feira (1º) suspender o despejo de quatro famílias palestinas moradoras do bairro de Sheikh Jarrah, no leste de Jerusalém.

A decisão reconhece as famílias como “inquilinos protegidos” e define um aluguel simbólico, de 2.400 shekels (cerca de R$ 3.800), que será revertido a um fundo posteriormente revertido para quem vencer a disputa pela propriedade da terra –essa ação não tem prazo para terminar e ainda pode demorar anos, segundo especialistas.

Há quatro meses, as mesmas famílias rejeitaram um acordo semelhante proposto pela corte. Por esse texto, elas permaneceriam em Sheikh Jarrah, mas reconheceriam não ter propriedades dos lotes e teriam de pagar aluguel para associações de colonos judeus.

Um dos argumentos dos palestinos para não aceitar esse acordo anterior foi o de que os despejos eram parte de uma estratégia israelense mais ampla para expulsar a população de origem árabe da porção leste de Jerusalém.

Outras famílias foram expulsas da região em anos anteriores, e algumas ainda enfrentam processos de despejo em Sheikh Jarrah que não tiveram a mesma deliberação da corte máxima do país.

A disputa em torno da propriedade de lotes no bairro existe há décadas e remonta às trocas de controle de Jerusalém Oriental, capturada da Jordânia por Israel em 1967 –a anexação foi condenada e duramente criticada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Antes disso, o conflito que se seguiu à criação do Estado de Israel, em 1948, havia dado à Jordânia o controle do território. Em meados da década de 1950, o governo jordaniano construiu casas para refugiados palestinos que deixaram o território que se tornou Israel naquele momento.

O imbróglio passa pela permissão da lei israelense a judeus reivindicarem o direito de propriedade de terras em Jerusalém Oriental, caso consigam provar que sua família morava lá antes da guerra de 1948. Esse direito não é assegurado a palestinos.

Em maio do ano passado, protestos de milhares de árabes-israelenses e palestinos contra as ações de desocupação dos imóveis por Israel escalou e deixou centenas de feridos em confrontos com as forças policiais.

Em alguns regiões do país, o governo decretou estado de emergência para conter os levantes, que transbordaram para outras cidades, para a Cisjordânia (onde confrontos deixaram ao menos 11 mortos) e para a Faixa de Gaza.

De Gaza, o Hamas, que controla a região e é considerado um grupo terrorista por Israel, disparou foguetes em território israelense. As ações foram revidadas por Tel Aviv e, por 11 dias, bombardeios se seguiram nos dois sentidos.

O conflito terminou com um cessar-fogo e um saldo de mais de 240 mortos –a grande maioria palestinos–, incluindo 130 civis.

Os ataques de Israel deixaram mais de 1.900 feridos, destruíram estradas, prédios e outras estruturas, o que agravou a escassez de alimentos, água potável e remédios, aumentou o risco de disseminação de Covid-19 em um momento em que a pandemia seguia em alta e forçou mais de 90 mil palestinos a deixarem suas casas.

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