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Shinzo Abe adotou políticas econômicas ousadas no Japão e fortaleceu as Forças Armadas

Ele foi fundamental para levar as Olimpíadas de 2020 para Tóquio, alimentando o desejo de presidir os Jogos

Redação Jornal de Brasília

08/07/2022 7h28

Shinzo Abe, o primeiro-ministro mais antigo do Japão, procurou tirar a economia da deflação crônica com suas ousadas políticas de Abenomics, fortalecer as forças armadas e combater a crescente influência da China. Ele morreu aos 67 anos após ser baleado durante discurso de campanha eleitoral, em um ataque que o atual primeiro-ministro Fumio Kishida chamou de “absolutamente imperdoável”.

Abe foi primeiro-ministro em 2006, assumindo como o mais jovem no cargo desde a Segunda Guerra Mundial. Foi um mandato de apenas um ano. Voltou em 2012, prometendo reviver uma economia estagnada, afrouxar os limites de uma Constituição pacifista pós-Segunda Guerra Mundial e restaurar os valores tradicionais do Japão.

Ele foi fundamental para levar as Olimpíadas de 2020 para Tóquio, alimentando o desejo de presidir os Jogos. Até apareceu como o personagem de videogame da Nintendo, Mario, durante a transferência olímpica no Rio, o anfitrião de 2016.

Abe tornou-se o primeiro-ministro mais antigo do Japão em novembro de 2019, mas em 2020 perdeu apoio por sua gestão durante a pandemia de Covid-19, além de uma série de escândalos, incluindo a prisão de seu ex-ministro da Justiça.

Renunciou em setembro de 2020 sem alcançar seu objetivo de revisar a Constituição ou presidir os Jogos, que havia sido adiado para 2021 devido à pandemia.

Mas permaneceu uma presença dominante no Partido Liberal Democrático (LDP). Estava fazendo campanha para uma a eleição para a Câmara Alta, que será domingo (10), quando foi assassinado.

Da ala conservadora da política japonesa, Abe ficou conhecido no exterior pela estratégia de recuperação econômica batizada de Abenomics, na qual mesclava flexibilização monetária, grande reativação do orçamento e reformas estruturais.

A deflação mostrou-se teimosa, no entanto, e sua estratégia de crescimento sofreu em 2019 com o aumento do imposto sobre vendas e a guerra comercial sino-americana. A pandemia de Covid-19 desencadeou a mais profunda crise econômica do Japão.

Quando ele renunciou citando a mesma doença intestinal de 2007, a taxa de mortalidade por Covid no Japão estava muito abaixo da de muitos outros países desenvolvidos.

DINASTIA

Abe veio de uma família política rica que incluía um pai ministro das Relações Exteriores e um tio-avô que serviu como primeiro-ministro. Seu avô, Nobusuke Kishi, foi um ministro do gabinete de guerra preso, mas nunca julgado como criminoso de guerra após a Segunda Guerra Mundial. Ele serviu como primeiro-ministro de 1957 a 1960, renunciando devido ao furor público sobre um pacto de segurança renegociado entre os EUA e o Japão.

Com cinco anos de idade na época, Abe ouviu o som de confrontos entre a polícia e multidões de esquerda protestando contra o pacto do lado de fora do parlamento enquanto brincava no colo de seu avô.

Kishi tentou, sem sucesso, revisar a constituição japonesa de 1947, redigida pelos EUA, para se tornar um parceiro de segurança igual aos Estados Unidos e adotar uma diplomacia mais assertiva –questões centrais para a futura agenda do neto.

Abe aumentou os gastos com defesa e estendeu a mão a outras nações asiáticas para combater uma China cada vez mais assertiva. Ele aprovou leis para permitir que o Japão exercesse o direito de “autodefesa coletiva”, ou ajudando militarmente um aliado sob ataque.

A revisão da constituição pacifista continuou sendo uma das principais prioridades de Abe, um objetivo controverso, já que muitos japoneses veem a carta como responsável pelo histórico de paz do país no pós-guerra.

Reformar o sistema educacional para restaurar os costumes tradicionais era outro de seus objetivos.

Ele também adotou uma nova postura em relação às ações do Japão na Segunda Guerra Mundial, dizendo que as gerações futuras não deveriam continuar se desculpando pelos erros do passado.

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