Gates fez estas declarações em conferência sobre a segurança no Golfo Pérsico hoje, em Barein, à qual compareceram delegações de 23 países, informou a rede de televisão catariana Al Jazira.
Durante seu discurso no fórum, o secretário mostrou-se crítico em relação ao regime iraniano, considerado por ele um fator desestabilizador no Oriente Médio.
“O governo do Irã quer que não haja tranqüilidade na região, com seu apoio ao grupo xiita libanês Hisbolá, ao movimento radical palestino Hamas e a algumas milícias no Iraque”, disse Gates.
O secretário de Defesa disse que “tudo indica que o Irã mantém o enriquecimento de urânio” e pediu aos países do Golfo que exerçam pressão sobre o país. Gates anunciou que no próximo mês será realizada uma nova rodada de negociações entre os EUA e o Irã sobre a segurança no Iraque, mas não se mostrou muito otimista, já que nas três reuniões anteriores não foram obtidos resultados positivos.
O anúncio foi feito três dias depois de uma visita surpresa ao Iraque para analisar as conquistas obtidas nos últimos meses em matéria de segurança. Com relação a Israel, Gates defendeu o Estado judeu frente ao Irã, já que considera que não representa uma fonte de ameaça para a segurança do Oriente Médio, como seria a República Islâmica se tivesse êxito em possuir tecnologia nuclear.
Nesse sentido, Gates afirmou que “Israel não treina terroristas para que viajem ao Iraque nem realiza ações de sabotagem em países vizinhos ou busca desestabilizar o governo libanês”. Segundo ele, todas essas ações confirmam as diferenças entre Israel e o Irã “tanto em história como em conduta”.
O secretário de Defesa americano negou que o Governo dos EUA siga uma política de dois pesos e duas medidas no que se refere aos temas nucleares de Israel e Irã. De acordo com a “Al Jazira”, as declarações de Gates provocaram risos entre vários membros dos Governos do Oriente Médio presentes na sala.
O primeiro-ministro do Catar, Sheikh Hamad Bin Jassim Al-Thani, lembrou a Gates que Israel ocupou e ainda ocupa territórios árabes e empenha-se em matar palestinos. Apesar de Al-Thani reconhecer que os países do Golfo Pérsico mantêm diferenças com o Irã em relação a alguns assuntos regionais, como a ocupação iraniana de três ilhas dos Emirados Árabes, ressaltou a necessidade de estreitar os laços com Teerã pelo fato de o Irã ser “um país da região que não se pode ignorar”.
Por último, Thani destacou que a segurança do Golfo Pérsico deve ser uma responsabilidade internacional devido ao importante papel que a região desempenha na economia mundial por ser grande fonte de petróleo.
A conferência será realizada durante três dias, e dela participam altos responsáveis e especialistas acadêmicos em segurança e defesa. Segundo fontes da organização da conferência citadas pela rede de televisão “Al Arabiya”, o Irã, que havia sido convidado a participar da cúpula, não compareceu, sem oferecer mais explicações.
