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Sandra Day O’Connor, primeira mulher na Suprema Corte dos EUA, morre aos 93

Considerada apaziguadora e moderada, O’Connor foi nomeada à corte pelo presidente republicano Ronald Reagan (1981-1989)

Redação Jornal de Brasília

01/12/2023 15h31

Foto: David Madison/Getty Images

Folhapress
São Paulo – SP

A juíza aposentada Sandra Day O’Connor, primeira mulher a chegar à Suprema Corte dos Estados Unidos, morreu nesta sexta-feira (1º), aos 93 anos, após complicações respiratórias. Ela foi nomeada ao tribunal de mais alta instância em 1981 e permaneceu no posto por 25 anos, período no qual esteve no centro de diversas questões consideradas polêmicas, incluindo o direito ao aborto e ações afirmativas.

Considerada apaziguadora e moderada, O’Connor foi nomeada à corte pelo presidente republicano Ronald Reagan (1981-1989). Ficou conhecida por adotar posicionamentos de centro e também pelas habilidades de negociação, em que muitas vezes conseguiu seduzir com seus argumentos pragmáticos o tribunal.

Ao reafirmar o princípio de Roe v. Wade, de 1973, O’Connor ajudou a preservar o direito ao aborto -no ano passado, a Suprema Corte suspendeu o direito constitucional ao procedimento nos EUA após 49 anos.

A juíza foi decisiva para que o tribunal formasse maioria em casos controversos. Ela votou, por exemplo, a favor da inclusão de um homem no quadro de estudantes de uma escola de enfermagem só para mulheres no Mississippi.

Outras votações apertadas em que O’Connor decidiu a favor foram a eleição presidencial de 2000, que pôs o republicano George W. Bush no poder, e a determinação de que a guerra ao terror não dava ao presidente um “cheque em branco” para prender suspeitos.

O’Connor foi senadora pelo Arizona na década de 1970. Escreveu dois livros contando suas memórias. Em um deles, afirmou que “a discordância é um sinal de que o progresso está em andamento”.

Texana, O’Connor se formou em Stanford e sobreviveu a um câncer de mama. Ela se aposentou da mais alta corte do país em 2006, foi diagnosticada com demência em seus últimos anos e anunciou em outubro de 2018 que estava se afastando da vida pública. Quando Bush a substituiu por Samuel Alito, o tribunal, que já tinha maioria conservadora, se inclinou ainda mais para a direita.

Após deixar o cargo, O’Connor se dedicou à educação e organizou um grupo chamado iCivics, que fornecia recursos online gratuitos para estudantes do ensino médio. Em 2009, o presidente democrata Barack Obama (2009-2017) a presenteou na Casa Branca com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria civil que um presidente pode conceder.

Vários juristas lamentaram a morte da juíza. John Roberts, que forma a Suprema Corte atual, afirmou que O’Connor “abriu um caminho histórico”. “Ela enfrentou o desafio com determinação inabalável e habilidade incontestável”, disse ele. “Nós, na Suprema Corte, lamentamos a perda de uma colega querida, uma defensora feroz do Estado de Direito e uma eloquente defensora da educação cívica.”

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