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Saída de Macri acirra disputa entre aliados de Fernández

Embora seja o líder do principal partido da coalizão, Juntos pela Mudança, a saída de Macri causou mais alvoroço na disputa pela Prefeitura de Buenos Aires do que para a presidência

Redação Jornal de Brasília

31/03/2023 19h56

Foto: AFP

O anúncio do ex-presidente Mauricio Macri de que não vai concorrer às eleições de 22 de outubro intensificou uma disputa já bastante indefinida para a votação de outubro na Argentina. Pelo lado da coalizão opositora, abriu espaço para organizar as candidaturas mais competitivas. Já na coalizão de governo, a divisão dentro do peronismo ficou mais evidente, com vozes pedindo que Alberto Fernández imite Macri e renuncie. Um possível retorno de Cristina Kirchner, que desistiu em dezembro de uma candidatura, também é cogitado.

Embora seja o líder do principal partido da coalizão, Juntos pela Mudança, a saída de Macri causou mais alvoroço na disputa pela Prefeitura de Buenos Aires do que para a presidência. Sua indecisão sobre concorrer já era conhecida em seu partido, supostamente por não querer herdar um país assolado pela inflação acima dos 100%.

Opções

No domingo, por meio de um vídeo, ele confirmou que não concorrerá ao cargo novamente e abriu caminho para o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, e a ex-ministra do Interior Patricia Bullrich. Há outros nomes que podem concorrer nas primárias de agosto da coalizão, mas ninguém desponta nas pesquisas como Larreta e Bullrich.

“A candidatura de Macri se mantinha mais como um efeito simbólico”, explica Facundo Galván, professor de ciência política da Universidade de Buenos Aires. “Ele não era o principal candidato pelo Juntos pela Mudança, o que ajuda a colocar um pouco de ordem na oferta, além de desativar alguns rumores de que ele queria debilitar Larreta.”

Nas últimas pesquisas de intenção de votos, Macri pontuava em sua aliança tanto quanto Fernández no Frente de Todos, aparecendo em terceiro.

“É uma situação que moveu o círculo político, mas não mudou tanto como poderia ter acontecido. Acima de tudo, ordena as expectativas dos eleitores”, completa. Analistas ouvidos pelos jornais argentinos viram a decisão de Macri como um ato de coragem, que torna sua coalizão mais competitiva. “Macri não necessitava de revanche e sabe que é uma eleição com chances do Juntos pela Mudança ganhar. Não há nenhuma certeza, mas é possível”, afirma Galván.

A renúncia causou uma briga interna pela Prefeitura de Buenos Aires. Juntamente com a eleição presidencial, ocorrem votações para os mais diversos cargos na Argentina. Logo após seu anúncio, Macri fez coro pela candidatura de seu primo Jorge Macri, enfurecendo outros candidatos mais cotados e forçando Larreta a agir como mediador na briga por seu futuro antigo cargo.

Reeleição

A briga interna que já era grande se intensificou na coalizão do governo, a Frente de Todos, que contava com a retórica do anti-macrismo para a eleição deste ano. A candidatura de Fernández ainda é uma incógnita, embora ele tenha dado sinais de que quer disputar a reeleição. Um candidato que seria natural, o ministro da Economia Sergio Massa, tem perdido espaço em função da inflação em disparada.

A divisão dentro do peronismo já é bastante conhecida, dado o distanciamento entre Fernández e sua vice, Cristina Kirchner. Mas a saída de Macri do cenário eleitoral fez crescer as vozes dos que pedem a desistência de Fernández na corrida em favor de novos nomes e até um possível retorno de Cristina, que ainda continua sendo considerada em pesquisas e pelos setores mais kirchneristas do peronismo.

Membros da organização La Cámpora, encabeçada pelo filho da vice-presidente, Máximo Kirchner, inflamam os pedidos dos mais kirchneristas para que o presidente siga o exemplo de Macri e também desista de sua candidatura.

No fim, a definição do cenário eleitoral continua nas mãos de Cristina, que ainda não disse se voltará atrás em sua decisão, mas também não se coloca fora do cenário.

Estadão Conteúdo

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