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Rússia diz que não pretende derrubar governo da Ucrânia

Zakharova defendeu nesta quarta que a guerra tem saído conforme o planejado, contrariando analistas que apontam dificuldades

Redação Jornal de Brasília

09/03/2022 10h32

A invasão russa à Ucrânia não tem entre seus objetivos derrubar o governo Volodmir Zelenski, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, nesta quarta-feira, 9, dia em que a guerra completa duas semanas.

A fala destoa das declarações dadas no começo da guerra, declarada na madrugada de 24 de fevereiro pelo presidente Vladimir Putin com o objetivo declarado de “desnazificar” a Ucrânia, em meio a acusações de que a gestão Zelenski tinha associações com grupos neonazistas. O presidente ucraniano vem afirmando desde o começo do conflito que é o “alvo número 1” e que pode ser morto a qualquer momento.

Na segunda, 7, um porta-voz do governo listou à agência de notícias Reuters condições para o fim da guerra, que não incluíam a queda de Zelenski.

Segundo ele, a operação almeja que a Ucrânia se renda militarmente; mude sua Constituição para garantir que nunca irá aderir à Otan (aliança militar ocidental) ou à União Europeia; e reconheça a Crimeia anexada em 2014 como russa e as regiões separatistas do Donbass, no leste, como independentes.

Zakharova defendeu nesta quarta que a guerra tem saído conforme o planejado, contrariando analistas que apontam que os russos têm enfrentado uma dificuldade maior do que o previsto a princípio.

O décimo quarto dia de guerra começou com a promessa de um novo cessar-fogo temporário para permitir a saída de civis por corredores humanitários.

As outras tréguas anunciadas até aqui não foram respeitadas, deixando centenas de milhares de pessoas presas em cidades sitiadas, sem acesso a água potável e medicamentos.

A Rússia prometeu respeitar uma trégua das 9h às 21h do horário local (4h às 16h no horário de Brasília) desta quarta-feira. Nesta manhã, a vice-primeira-ministra ucraniana Irina Vereshchuk afirmou que os dois lados do conflito concordaram em respeitar o cessar-fogo.

O anúncio de trégua desta quarta foi semelhante o de terça (8), que prometia a fuga segura pelas cidades de Kiev, Kharkiv, Chernihiv, Sumi e Mariupol. Até agora, no entanto, apenas um corredor funcionou de fato, saindo de Sumi, na terça, quando cerca de 5.000 pessoas deixaram a cidade.

A situação é tensa sobretudo em Mariupol, cidade portuária ao sul totalmente cercada por tropas russas há mais de uma semana, onde a Cruz Vermelha descreve a situação dos civis como “apocalíptica”.

Moradores se abrigam nos subsolos para se protegerem dos bombardeios constantes, sem acesso a comida, água, energia ou aquecimento, e sem poder retirar os feridos.

Um cessar-fogo na região já havia falhado no sábado. O governo ucraniano disse que 30 ônibus e oito caminhões de suprimentos foram bombardeados pela Rússia na terça-feira, violando o cessar-fogo, e não conseguiram chegar à região. Moscou culpou Kiev por não deter o fogo.

Nas duas maiores cidades da Ucrânia, Kiev e Kharkiv, a oferta de corredores humanitários do governo russo forçaria os civis a irem para a própria Rússia ou sua aliada Belarus, propostas rejeitadas pelo governo ucraniano.

Mais de 2 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde que o presidente Vladimir Putin invadiu o país há duas semanas.

A guerra rapidamente lançou a Rússia em um isolamento econômico nunca antes visto em uma economia desse porte. Os Estados Unidos proibiram na quarta-feira as importações de petróleo russo.

Empresas ocidentais também têm se retirado do mercado russo, como Starbucks, Coca-Cola e Pepsi. A mais simbólica, no entanto, é o McDonald’s, que anunciou na terça-feira que estava fechando seus quase 850 restaurantes no país.

A primeira loja russa da rede, que atraiu enormes filas para a praça Púchkin, em Moscou, quando foi inaugurada em 1990, foi um emblema do fim da Guerra Fria.

Estadão Conteúdo

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