A americana Claudia Goldin foi agraciada, nesta segunda-feira (9), com o Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a evolução do papel das mulheres no mercado de trabalho.
A professora de Harvard, de 77 anos, terceira mulher a ganhar este prêmio, foi distinguida por “ter feito avançar nossa compreensão dos resultados das mulheres no mercado de trabalho”, anunciou o júri em Estocolmo.
“As pesquisas de Claudia Goldin nos deram uma visão nova e, com frequência, surpreendente sobre o papel histórico e contemporâneo das mulheres no mercado de trabalho”, acrescentou.
Em escala mundial, cerca de 50% das mulheres participam do mercado de trabalho, contra 80%, no caso dos homens. Elas ganham menos “e têm menos opções de chegar ao topo da carreira”, disse Randi Hjalmarsson, membro do comitê do Nobel.
“Claudia Goldin foi buscar nos arquivos e coletou mais de 200 anos de dados relativos aos Estados Unidos, o que lhe permitiu mostrar como e por que as diferenças de renda e na taxa de emprego entre homens e mulheres evoluíram com o tempo”, acrescentou Hjalmarsson.
No ano passado, o prêmio foi para Ben Bernanke, ex-presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), e seus compatriotas Douglas Diamond e Philip Dybvig, por seus trabalhos sobre os bancos e seus resgates necessários em tempos de crise financeira.
Até então, apenas duas mulheres haviam conquistado o Prêmio Nobel de Economia: a americana Elinor Ostrom (2009) e a franco-americana Esther Duflo (2019).
O prêmio mais jovem
O Prêmio Nobel de Economia – como é conhecido o Prêmio de Ciências Econômicas do Banco da Suécia em Memória de Alfred Nobel, atribuído pela primeira vez em 1969 – é o único dos prêmios que não foi previsto no testamento do filantropo.
Ele foi somado, bem depois, aos cinco prêmios tradicionais – Medicina, Física, Química, Literatura e Paz -, o que lhe valeu o apelido de “falso Nobel”.
Em 1968, por ocasião de seu tricentenário, o Banco Central da Suécia, o mais antigo do mundo, criou um prêmio de Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel, e pôs à disposição da Fundação Nobel uma quantia anual equivalente ao montante dos outros prêmios.
Para os vencedores deste ano, o cheque será de 11 milhões de coroas, o equivalente a quase um milhão de dólares (5,15 milhões de reais na cotação do dia).
O mais prestigioso dos Prêmios Nobel, o da Paz, foi atribuído na sexta-feira à ativista iraniana dos direitos humanos Narges Mohammadi.
As premiações de 2023 se completam com o dramaturgo norueguês Jon Fosse (Literatura); Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov (Química), por seu trabalho com nanopartículas; Anne L’Huillier, Pierre Agostini e Ferenc Krausz (Física), especialistas em movimentação de elétrons; e Katalin Kariko e Drew Weissman (Medicina), por seus trabalhos sobre a vacina de RNA mensageiro.
Confira abaixo os ganhadores do Prêmio Nobel de Economia, nas últimas dez edições:
- 2023: A americana Claudia Goldin, pelos estudos sobre o papel das mulheres no mercado de trabalho.
- 2022: Os americanos Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig, por seu trabalho sobre crises financeiras e bancos.
- 2021: David Card (Estados Unidos/Canadá), Joshua Angrist (Estados Unidos/Israel) e Guido Imbens (Estados Unidos/Holanda), por sua pesquisa sobre mercado de trabalho, imigração e educação.
- 2020: Os americanos Paul Milgrom e Robert Wilson, por terem “melhorado a teoria dos leilões e inventado novos formatos de leilão”, em benefício de vendedores e compradores.
- 2019: Esther Duflo (França/Estados Unidos) e os americanos Abhijit Banerjee e Michael Kremer, por seus trabalhos sobre a redução da pobreza no mundo.
- 2018: Os americanos William Nordhaus e Paul Romer, por terem modelado as virtudes e desvantagens da atividade econômica sobre o clima
- 2017: Richard H. Thaler (Estados Unidos), por seu trabalho sobre os mecanismos psicológicos e sociais que intervêm nas decisões dos consumidores e dos investidores.
- 2016: Oliver Hart (Reino Unido/Estados Unidos) e Bengt Holmström (Finlândia), teóricos dos contratos.
- 2015: Angus Deaton (Reino Unido/Estados Unidos), por sua análise sobre consumo, pobreza e bem-estar.
- 2014: Jean Tirole (França), por sua análise do poder dos mercados e da regulação.
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