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Mundo

Parlamento tira cachorro da dieta dos sul-coreanos

O consumo de carne de cachorro, uma prática secular na península coreana, não é explicitamente proibido nem legalizado na Coreia do Sul

Redação Jornal de Brasília

09/01/2024 21h32

Foto: JUNG YEON-JE/AFP

O Parlamento da Coreia do Sul aprovou ontem uma lei histórica que proíbe a indústria de carne de cachorro, que está em declínio em razão da pressão pelo fim do hábito alimentar e da preocupação com a imagem internacional do país.

Criadores de cães disseram que entrarão com uma apelação constitucional e lançarão protestos, o que indica que o debate acalorado sobre a proibição está longe de terminar.

O consumo de carne de cachorro, uma prática secular na península coreana, não é explicitamente proibido nem legalizado na Coreia do Sul. Pesquisas recentes mostram que mais pessoas querem a proibição e a maioria dos sul-coreanos não come mais carne de cachorro.

Mas as pesquisas também indicam que um em cada três sul-coreanos ainda se opõe à proibição, mesmo não comendo carne de cachorro.

Ontem, a Assembleia Nacional aprovou o projeto de lei por 208 a 0. O governo do presidente, Yoon Suk-yeol, apoia a proibição. Portanto, as etapas subsequentes são consideradas mera formalidade.

“Esta lei pretende contribuir para os direitos dos animais”, diz o texto que torna o abate, a criação, o comércio e a venda de carne de cachorro para consumo humano ilegais a partir de 2027 e puniria esses atos com 2 a 3 anos de prisão – embora não estipule penalidades para o consumo de carne de cachorro.

Incentivos

O projeto ofereceria assistência aos fazendeiros e outras pessoas do setor para fecharem seus negócios ou adotarem alternativas. Segundo o projeto de lei, os detalhes da proibição seriam elaborados entre funcionários do governo, fazendeiros, especialistas e ativistas dos direitos dos animais.

A Humane Society International (HSI) chamou a aprovação da lei de “histórica”. “Nunca pensei que veria em minha vida a proibição da cruel indústria de carne de cachorro na Coreia do Sul, mas essa vitória histórica para os animais é uma prova da paixão e determinação do nosso movimento de proteção animal”, disse Jung Ah-chae, diretor do escritório da HSI na Coreia.

A legislação deixou os fazendeiros furiosos. “Trata-se de uma clara violência do Estado, pois estão infligindo a liberdade de opção profissional. Não podemos ficar parados”, disse Son Won-hak, agricultor e líder de uma associação de produtores.

Son disse que os criadores de cães entrarão com uma petição no tribunal constitucional e farão passeatas. Ele disse que os agricultores se reunirão para discutir outras medidas futuras.

Não há dados oficiais confiáveis sobre o tamanho exato do setor de carne de cachorro da Coreia do Sul. Ativistas e fazendeiros afirmam que centenas de milhares de cães são abatidos para consumo todos os anos no país.

Estadão conteúdo

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