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Papa Francisco prepara o futuro da Igreja com a posse de 20 cardeais

O pontífice não descarta a possibilidade de renunciar por motivos de saúde, mas prepara os próximos anos com a “criação’ de 20 novos cardeais

Jornal de Brasília

27/08/2022 11h53

Foto: Andreas Solaro/ AFP

O papa Francisco olha para o futuro da Igreja com a posse neste sábado de 20 novos cardeais, incluindo dois brasileiros, em mais uma etapa na preparação de sua sucessão.

O pontífice de 85 anos, que enfrenta as dificuldades a idade e não descarta a possibilidade de renunciar por motivos de saúde, prepara os próximos anos com a “criação’ de 20 novos cardeais, 16 deles com direito a voto no conclave para a eleição de seu sucessor.

A cerimônia estava prevista para 16H00 (11H00 de Brasília) com a presença de religiosos de todo o mundo, que foram convocados para uma reunião paralela e inédita de dois dias, na segunda-feira e terça-feira.

Esta é uma ocasião particular, oficialmente dedicada à reforma da Constituição Pontifícia, aprovada em março e em vigor desde 5 de junho, que para muitos é uma espécie de pré-conclave, durante o qual será feito um balanço da situação da Igreja após quase 10 anos de liderança do papa latino-americano.

A reunião provocou muitas especulações, em particular sobre o estado de saúde do papa, que passou por uma cirurgia no cólon em 2021 e sofre com dores no joelho direito que o obrigam a usar uma cadeira de rodas.

Com a posse dos novos cardeais, Francisco inclui na lista de possíveis sucessores religiosos sensíveis aos problemas sociais, procedentes de regiões distantes, onde a Igreja é minoritária ou está em crescimento.

Cardeais latino-americanos

A relação inclui nomes do Brasil, Paraguai, Índia, Singapura, Mongólia, Timor Leste, entre outros países.

Na lista de 16 cardeais com menos de 80 anos e, portanto, direito a voto em caso de conclave pela renúncia ou morte do papa, estão três latino-americanos: dois brasileiros – Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da região amazônica, e Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília – e um paraguaio – Adalberto Martínez Flores, arcebispo de Assunção.

Um quarto, o colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal, tem mais de 80 anos e não poderá participar em uma eleição do futuro pontífice.

Os novos cardeais “representam a Igreja de hoje, com uma forte presença do hemisfério sul, onde vivem 80% dos católicos”, destacou o vaticanista Bernard Lecomte.

Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de papado, já que em março de 2023 completará 10 anos à frente da Igreja, Francisco será responsável pela designação de 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, quase dois terços do grupo.

Um número determinante em caso de eleição do papa, que exige justamente maioria de dois terços.

Fiel a sua linha a favor de uma igreja mais social, menos europeia, próxima aos esquecidos, o papa argentino selecionou dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando o avanço do continente na Igreja.

Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, arcebispo de San Diego, na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

“Viemos dos quatro cantos do mundo para aprender a nos conhecermos”, disse o americano.

Outra nomeação emblemática é a do missionário italiano Giorgio Marengo, que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos.

“Com simplicidade e humildade vim para ouvir pessoas com muito mais experiência do que eu”, disse Marengo, que considera a sua designação “um sinal de atenção para realidades que geralmente são consideradas minoritárias […] porque as pessoas à margem estão no coração do Santo Padre”, disse.

Três futuros cardeais ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche, o coreano Lazzaro You Heung-sik e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Inicialmente designado, o belga Lucas Van Looy, de 80 anos, arcebispo emérito de Ghent, pediu a dispensa do título devido às críticas de sua gestão ao escândalo de abusos sexuais por integrantes do clero.

A Europa continua sendo o continente com maior representação no Colégio Cardinalício com 40% dos representantes, à frente da América do Sul e da Ásia (16% cada), África (13%) e América do Norte (12%).

kv/es/fp

© Agence France-Presse

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